domingo, 28 de junho de 2020

Falta de “bois de pasto e de milho” faz arroba subir a ladeira

Por Denis Cardoso em 26/06/2020 no site Portal DBO


Em apenas sete dias, o preço do boi gordo em São Paulo saltou de R$ 212/@ (em 19/6) para R$ 218/@ (26/6), (valores a prazo), um avanço de R$ 6/@, segundo dados da Informa Economics FNP. Em Cuiabá, MT, no mesmo intervalo de comparação, a cotação do animal terminado saiu do patamar de R$ 180/@ para R$ 187/@, à vista. Em Dourados, MS, o preço à vista pulou de R$ 195/@ para R$ 207/@.

Segundo a FNP, nesta sexta-feira, em São Paulo, algumas plantas conseguiram fechar novos carregamentos para abate ainda na próxima segunda-feira. No Centro-Oeste, os frigoríficos exportadores atuaram de forma ativa no mercado, na tentativa de preencher escalas que avançam com bastante dificuldade. Em Mato Grosso do Sul, observa a FNP, os pecuaristas são beneficiados pela atuação de indústrias paulistas e conseguiram vender a boiada por valores mais altos neste último dia da semana. No Mato Grosso, a arroba também se valorizou devido à dificuldade de aquisições de novos lotes e à procura acentuada para abates com destino ao mercado internacional.

No Nordeste, os preços do boi gordo seguiram firmes e com novos ajustes positivos no Maranhão e na Bahia. Nos dois Estados, relata a FNP, a oferta de gado restrita tem limitado a liquidez de negócios e novas aquisições só são realizadas mediante elevação dos valores oferecidos pela arroba.

No Pará, as cotações seguiram lateralizadas, porém firmes, sustentados pela baixa disponibilidade de animais. Frigoríficos do Estado que atendem ao mercado interno alegam operar com margens apertadas, em função dos altos custos da boiada gorda e dificuldade de repasse dos custos para os preços da carne, de acordo com a FNP.

Atacado em alta

No atacado, os principais cortes bovinos se valorizaram nesta sexta-feira, informa a FNP. Como observado ao longo da semana, a produção reduzida nos frigoríficos, em função da dificuldade em adquirir boiadas, somada aos bons volumes exportados, tem diminuído a oferta da carne no mercado interno, emplacando certa pressão altista nos preços.

Segundo previsão da FNP, a demanda doméstica deve reagir ao longo da próxima semana, quando parte dos consumidores recebem a massa salarial na virada do mês, abrindo margem para novos ajustes positivos nas cotações das proteínas.

Falta “boi de pasto” e também “boi de milho”

A pressão altista no mercado do boi gordo se deve à escassez de oferta provocada pelo esgotamento de animais terminados à pasto e pelo atraso na entrada de carregamentos oriundos do primeiro giro de confinamento.

“Muitos pecuaristas se sentiram desestimulados a planejar a compra de lotes para terminação no coxo no final do primeiro trimestre de 2020, quando o setor de bovinocultura de corte ainda vivia um momento de grande incerteza acerca da crise do Covid-19”, relata a consultoria FNP. A menor disponibilidade de animais, por sua vez, tem sido confirmada por dados oficiais sobre abate.

Nesta semana, os ajustes positivos do boi gordo foram registrados de forma generalizada no Brasil, mas de forma mais intensa em regiões com maior representatividade nos embarques ao mercado externo. O vácuo mais expressivo de falta de boi deve permanecer até meados de julho, prevê a FNP.

Depois desse período, relata a consultoria, o mercado deve dispor de uma aparente melhora com a entrada dos primeiros lotes de gado confinado. “Porém, a oferta também não deve ser suficiente para desencadear quedas acentuadas nas cotações da boiada gorda, já que as expectativas apontam para um menor volume de lotes confinados neste ano, devido aos elevados preços de gado para reposição e maiores gastos com alimentação animal”, observa a FNP.

Crise financeira

No curto prazo, no entanto, um dos impactos da recessão econômica causada pela pandemia da Covid-19 deve ser a migração dos consumidores para proteínas com preços mais baratos, com o frango e ovos. A demanda pela carne bovina, alerta a FNP, que tem maior valor agregado, pode sofrer uma diminuição, prejudicando a margem dos frigoríficos em função da maior dificuldade em repassar os altos custos com a matéria prima para os preços dos cortes.

De modo geral, porém, o setor ainda será amparado pelo firme desempenho das exportações brasileiras de carne. Nas primeiras três semanas de junho, os embarques mantiveram o ritmo acelerado registrado no mês de maio e os envios de carne bovina “in natura” cresceram 27% em volume diário em junho deste ano em relação ao mesmo período de 2019.

Confira as cotações desta sexta-feira, 26 de junho, de acordo com a FNP:

SP-Noroeste: R$ 218/@ a (prazo)

MS-Dourados: R$ 207/@ (à vista)

MS-C. Grande: R$ 208/@ (prazo)

MS-Três Lagoas: R$ 208/@ (prazo)

MT-Cáceres: R$ 189/@ (prazo)

MT-Tangará: R$ 190/@ (prazo)

MT-B. Garças: R$ 191/@ (prazo)

MT-Cuiabá: R$ 187/@ (à vista)

MT-Colíder: R$ 182/@ (à vista)

GO-Goiânia: R$ 205/@ (prazo)

GO-Sul: R$ 203/@ (prazo)

PR-Maringá: R$ 207/@ (à vista)

MG-Triângulo: R$ 204/@ (prazo)

MG-B.H.: R$ 206/@ (prazo)

BA-F. Santana: R$ 208/@ (à vista)

RS-P.Alegre: R$ 205/@ (à vista)

RS-Fronteira: R$ 204/@ (à vista)

PA-Marabá: R$ 202/@ (prazo)

PA-Redenção: R$ 204/@ (prazo)

PA-Paragominas: R$ 204/@ (prazo)

TO-Araguaína: R$ 201/@ (prazo)

TO-Gurupi: R$ 199/@ (à vista)

RO-Cacoal: R$ 184/@ (à vista)

RJ-Campos: R$ 197/@ (prazo)

MA-Açailândia: R$ 200/@ (à vista)

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