Em um momento de baixíssima a oferta de animais no País, a agressividade das exportações de carne bovina tem enxugado ainda mais a disponibilidade de boiada no mercado interno, o que tem contribuído para o avanço consistente da arroba nas principais regiões pecuárias.
Os prêmios oferecidos pelo chamado “boi-China” ajudam ainda mais a fortalecer os preços das boiadas que atendem aos padrões exigidos pelos importadores chineses. Segundo dados apurados pela Informa Economics FNP, os valores do gado enviado ao mercado chinês giram atualmente em torno de R$ 5/@ até R$ 10/@ e são praticados principalmente nas praças do Centro-Oeste.
Ao longo desta semana, houve relatos de que os importadores chineses tentavam renegociar os valores pagos pela carne brasileira diante da queda do dólar, relata a FNP. No entanto, mesmo assim, os frigoríficos exportadores ainda registram margens de vendas bastantes atrativas, tanto pelo atual patamar do dólar (ainda acima de R$ 5) quanto pelos preços da carne no mercado internacional.
O preço médio em dólar obtido com a venda de uma tonelada de carne bovina in natura em maio último ficou 55,66% acima da cotação média registrada em maio de 2019, compara a FNP.
Mercado doméstico
Em relação à demanda interna por carne bovina, os impactos da crise econômica decorrente da pandemia da Covid19, como diminuição de salários e aumento do desemprego, se refletem na busca por proteínas mais baratas e, consequentemente, na redução da procura pelo produto. “Entre os cortes de boi, também tem sido observado uma busca maior pelas peças do dianteiro em detrimento dos cortes oriundos do traseiro, considerados mais nobre”, observa a FNP, acrescentando que, “embora a virada do mês tenha promovido uma certa reação no instável consumo doméstico, ainda são incertas as consequências de médio prazo no comportamento do consumo”.
Retenção de fêmeas e falta de machos
Na maioria das praças pecuárias brasileiras, o boi gordo abriu junho com preços em alta, sustentados principalmente pela baixa oferta de gado terminado no País. Mesmo com o avanço do tempo seco e frio no Brasil, relata a FNP, os pecuaristas não dispõem de grande quantidade de animais prontos para ofertar.
Além disso, continua a consultoria, os produtores buscam maneiras de segurar mais os lotes de fêmeas nas fazendas, visando a reposição do rebanho frente aos altos custos com o gado magro. Esses dois fatores, além do aquecimento das exportações, têm complicado a vida dos frigoríficos, que têm dificuldade para comprara a matéria prima e, com isso, acabam oferecendo valores mais altos pela boiada disponível e, assim, conseguir cumprir os compromissos de abate, acrescenta a FNP.
Preços regionais
Nas principais praças pecuárias pesquisadas, o preço da boiada gorda subiu ao longo desta primeira semana de junho. Em São Paulo, a demanda por animais que atendem aos requisitos internacionais segue elevada, mantendo as cotações em patamares firmes e elevados. Segundo dados da FNP, as praças paulistas pagam hoje R$ 207/@ pelo boi a prazo, uma elevação R$ 2/@ frente ao valor registrado na sexta-feira da semana passada (29 de maio). “O Estado de São Paulo tem sido beneficiado pela firme demanda dos frigoríficos exportadores, que estão atuando ativamente nas compras de gado no mercado local”, ressalta a FNP.
No Mato Grosso, apesar da baixa liquidez de negócios, os preços da boiada gorda seguem fortalecidos e registraram altas nesta sexta-feira (veja abaixo lista de cotações nas principais praças pecuárias do País). Segundo a FNP, a oferta de animais terminados no MT não é suficiente para atender a demanda vigente dos frigoríficos, principalmente exportadores, que prevalecem como principais atuantes nas compras.
No Rio de Janeiro, a arroba do boi gordo também se valorizou nesta sexta-feira diante da dificuldade de compra de matéria prima por parte das indústrias.
No Paraná, os preços da boiada gorda também registraram novas altas no último dia desta semana. A atuação ativa de parceiros comerciais, como Israel, nas compras da carne brasileira, aumentou a necessidade de produção dos frigoríficos do Paraná, que atuaram firmemente nas compras, pagando mais caro pelos animais terminados, destaca a FNP.
No Maranhão, os poucos negócios reportados foram efetivados a valores mais elevados nesta sexta-feira. Na região, os pastos dispõem de boa quantidade de massa verde, em função das chuvas regulares, e os pecuaristas conseguem especular valores firmes pela boiada gorda.
Confira as cotações desta sexta-feira, 5 de junho, de acordo com a FNP:
SP-Noroeste: R$ 207/@ a (prazo)
MS-Dourados: R$ 183/@ (à vista)
MS-C. Grande: R$ 185/@ (prazo)
MS-Três Lagoas: R$ 185/@ (prazo)
MT-Cáceres: R$ 177/@ (prazo)
MT-Tangará: R$ 177/@ (prazo)
MT-B. Garças: R$ 175/@ (prazo)
MT-Cuiabá: R$ 174/@ (à vista)
MT-Colíder: R$ 171/@ (à vista)
GO-Goiânia: R$ 186/@ (prazo)
GO-Sul: R$ 186/@ (prazo)
PR-Maringá: R$ 187/@ (à vista)
MG-Triângulo: R$ 194/@ (prazo)
MG-B.H.: R$ 188/@ (prazo)
BA-F. Santana: R$ 192/@ (à vista)
RS-P.Alegre: R$ 192/@ (à vista)
RS-Fronteira: R$ 190/@ (à vista)
PA-Marabá: R$ 190/@ (prazo)
PA-Redenção: R$ 188/@ (prazo)
PA-Paragominas: R$ 194/@ (prazo)
TO-Araguaína: R$ 187/@ (prazo)
TO-Gurupi: R$ 185/@ (à vista)
RO-Cacoal: R$ 177/@ (à vista)
RJ-Campos: R$ 183/@ (prazo)
MA-Açailândia: R$ 182/@ (à vista)
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