Sobre a prática de cruzamentos nas espécies de interesse zootécnico, Kinghorn (2006) afirma que as indústrias de bovinos leiteiros e de ovinos de lã são exceções devido à disponibilidade de uma excepcional raça pura em cada indústria. Embora seja uma estratégia consagrada em espécies como aves, suínos, ovinos de corte e bovinos de corte, a adoção de cruzamentos na bovinocultura leiteira ainda não é difundida na mesma intensidade, mas vem sendo impulsionada principalmente nas regiões tropicais.
Nos trópicos as raças taurinas puras apresentam na maioria das vezes, problemas de sobrevivência e menores índices produtivos (VACCARO, 1990). Nessas localidades, já é histórica a utilização de cruzamentos entre zebuínos (Bos taurus indicus) e taurinos (Bos taurus taurus) para a produção de animais mestiços com maior adaptabilidade e consequentemente, melhor desempenho.
No entanto, diversos autores em diferentes partes do mundo relatam a superação de limitações relacionadas à fertilidade, saúde e sobrevivência, rusticidade e adaptabilidade, facilidade de parto, resistência a mastite e composição de sólidos no leite em rebanhos resultantes de práticas de cruzamento tanto de raças zebuínas com taurinas, como aqueles ocorridos entre raças taurinas. Knob (2015) pressupõe que o cruzamento entre raças pode, através da complementaridade e do vigor hibrido, melhorar o desempenho do rebanho aumentando a lucratividade da atividade leiteira.
A produção de leite na faixa tropical do Brasil está alicerçada na utilização de mestiças de taurinos com zebuínos, que respondem por uma proporção estimada na ordem de 80% da produção nacional (LEDIC e TETZNER, 2008). Na pecuária leiteira brasileira, os mestiços são aqueles animais conhecidos por serem derivados do cruzamento de uma raça taurina pura, como por exemplo, a Holandesa, com uma raça zebuína, como por exemplo, a Gir Leiteiro (EMBRAPA GADO DE LEITE, 2005). Para Mariante et al. (2003), animais mestiços, de vários grupos sanguíneos, oriundos do cruzamento de diferentes raças taurinas e zebuínas, correspondem a cerca de 95% do número de vacas ordenhadas no Brasil.
Madalena (2012) ressalta que no Brasil, os sistemas de produção predominantes são baseados em pastagens com suplementação e com vacas mestiças, ordenhadas com apojo do bezerro. Acrescenta ainda que os produtores estejam mantendo um rebanho mestiço (durante décadas) na ordem de 16 milhões de vacas, sendo um dos maiores rebanhos mestiços do mundo. Mariante et al. (2003) reforça que a produção de gado de leite na parte tropical do Brasil está baseada majoritariamente em animais mestiços de Bos taurus taurus x Bos taurus indicus, sendo o Holandês a principal raça taurina. Ratificando, McManus et al. (2008) observaram melhores desempenhos nas características produtivas com animais ½ Holandês/Gir e ¾ Holandês/Gir em Goiás, relatando que a exploração de sistemas de cruzamento pode beneficiar o desempenho produtivo e reprodutivo da atividade leiteira.
Conforme Miranda e Freitas (2009) existem resultados de pesquisas científicas mostrando heterose para produção de leite variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre animais da raça Holandesa e animais das raças zebuínas. Em trabalho descrito por Madalena (2012), baseado na avaliação do desempenho de mais de 600 novilhas de diferentes graus de sangue do cruzamento de Holandês vermelho e branco com zebuínos Guzerá, produzidas pela Embrapa e distribuídas em 67 fazendas cooperadoras da região sudeste, os resultados mostraram efeitos relevantes da heterose na produção de leite, de proteína e de gordura, fertilidade, mortalidade, vida útil, peso, peso/altura, preço da vaca de descarte e resistência aos carrapatos, principalmente em propriedades de baixo nível de manejo.
O cruzamento entre raças especializadas vem ganhando destaque em diversos países, com ênfase para a Nova Zelândia, onde o cruzamento entre animais das raças Jersey e Holandês é largamente utilizado (KNOB, 2015). De acordo com a autora, esta prática envolvendo estas duas raças também é uma das mais disseminadas pelo mundo. Felippe (2013), acrescenta ainda que atualmente os animais cruzados já predominam nos rebanhos neozelandeses com 40,8% do rebanho, ficando à frente do Holandês puro, que representa algo em torno de 38,2%.
A abordagem de Neto et al. (2013) corrobora ao observar resultados sobre incremento na lucratividade com a utilização de cruzamentos entre raças especializadas, principalmente Holandês x Jersey, em sistemas de produção baseados em pastagem na Nova Zelândia. Já na Dinamarca, Sorensen et al. (2008) relataram heterose substancial (+18%) para a vida produtiva de vacas mestiças em comparação com vacas de raça pura.
Conforme o estudo, a heterose para características de valor econômico para três tipos de cruzamentos foi superior a 21%. A pesquisa dinamarquesa concluiu que o cruzamento sistemático contribui para um aumento substancial do desempenho econômico dos sistemas de produção leiteira, mostrando claramente que existe heterose para as características economicamente mais importantes na produção de leite, cujo ganho adicional obtido é mais pronunciado para as características funcionais. Além disso, os níveis de consanguinidade (endogamia) apresentaram um rápido aumento na maioria das raças de leite e o cruzamento entre raças pode ter um ótimo efeito para reduzir este impacto nas propriedades comercias de leite (WEIGEL e BARLASS, 2003).
De acordo com Weigel e Barlass (2003) alguns produtores americanos passaram a realizar experiências com cruzamento entre raças por causa da preocupação com fertilidade, facilidade de parto, saúde e longevidade em seus rebanhos de raças puras. Heins et al. (2006) reforçam em sua publicação que o declínio da fertilidade e sobrevivência de vacas Holandesas puras tem levado a um aumento de produtores adeptos a utilizar cruzamentos. Na Nova Zelândia, país referência em produção de leite, Neto et al. (2013) ressaltaram que com a viabilidade da implantação de políticas de pagamento por componentes do leite, somado à crescente preocupação com sanidade e fertilidade, observou-se maior interesse pelo cruzamento. Nesse país, experimentos mostraram que os sistemas de cruzamento adotados determinaram maior lucratividade por animal e por área (PIZZOL, 2012).
Pesquisas sobre o desempenho econômico de raças alternativas de taurinos (Bos taurus taurus) em cruzamentos, nos sistemas de produção brasileiros aparecem como uma necessidade premente (MADALENA, 2012). De acordo com Neto et al. (2013) esforços de pesquisa sobre cruzamentos entre raças leiteiras especializadas foram intensificadas nos países de pecuária leiteira avançada. Conforme o autor, apesar da intensificação atual de estudos sobre o tema, ainda existe diversas lacunas de conhecimento a serem preenchidas.
Em razão das perdas já mencionadas, em especial nos rebanhos puros, Ledic e Tetzner (2008) sugerem que se deve tentar a utilização de diferentes raças taurinas nos cruzamentos, em especial, as raças que estão sendo selecionadas para aumento de sanidade de úbere e aumento de sólidos totais. Os autores citam como exemplos as raças Jersey, Sueca Vermelha e Branca, Simental e Normanda. Cabe salientar, que exatamente estas raças, têm sido amplamente utilizadas em estratégias de cruzamentos com o Holandês em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Também se observa a utilização das raças Norueguesa Vermelha, Montbeliárde, Pardo Suíço, Ayrshire e Guernsey. Entre as zebuínas, o Gir Leiteiro, o Guzerá, o Indubrasil e o Sindi (principalmente no Nordeste) são as raças mais utilizadas para a produção de F1 leiteiras pelos produtores brasileiros (LEDIC e TETZNER, 2008).
Alguns produtores do Sul do Brasil, observando a utilização de cruzamentos entre raças especializadas no exterior, iniciaram programas de cruzamentos em suas propriedades (NETO et al., 2013). Em estudo realizado por Knob (2015) nos estados de Santa Catarina e Paraná, com um criador que cruzou vacas Holandesas com Simental, as fêmeas meio sangue apresentaram maior produção de leite, com maior qualidade, mediante menor escore de células somáticas e maior teor de sólidos, além de desempenho reprodutivo superior. De acordo com Neto et al. (2013), esses produtores buscam nas possibilidades de cruzamentos solucionar deficiências nos rebanhos da raça Holandesa referentes à composição do leite, saúde, fertilidade, longevidade e facilidade de parto.
Nos próximos artigos, discutiremos de forma mais ampla e profunda os impactos da utilização de cruzamentos em rebanhos leiteiros comerciais.
Referências bibliográficas
FELIPPE, E. W. Comparação de vacas mestiças das raças Holandesa x Jersey com vacas puras quanto à eficiência produtiva e reprodutiva. 2013. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2013.
HEINS, B. J.; HANSEN, L. B.; SEYKORA, A J. Calving difficulty and stillbirths of pure Holsteins versus crossbreds of Holstein with Normande, Montbeliarde, and Scandinavian Red. Journal of Dairy Science, v. 89, n. 7, p. 2805–10, jul. 2006a.
KINGHORN, B. Melhoramento Animal: Uso de novas tecnologias. Piracicaba: FEALQ, 2006. 367 p.
KNOB, D. A. Crescimento, desempenho produtivo e reprodutivo de vacas Holandês comparadas às mestiças Holandês x Simental. 2015. 100 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2015.
LEDIC, I. L.; TETZNER, T. A. D. Grandezas do Gir Leiteiro: O milagre zootécnico do século XX. Uberaba: 3 Pinti, 2008. 324 p.
MADALENA, F. E. A contribuição da F1 de gado de leite e as estratégias de sua utilização. In: Simpósio Brasileiro de Melhoramento Animal, 9., 2012, João Pessoa: SBMA, 2012. Disponível em: < http://sbmaonline.org.br/anais/ix/palestras/pdf/Palestra01.pdf>. Acesso em 26 set. 2012.
MARIANTE, A. S.; McMANUS, C.; MENDONÇA, J. F. Country report on state of animal genetic resources Brasil. Brasília: Embrapa Genetic Resources and Biotechnology, 2003. 121 p. (Documentos, 99).
McMANUS, C. et al. Características produtivas e reprodutivas de vacas Holandesas e mestiças Holandês × Gir no Planalto Central. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 5, p. 819-823, 2008.
MIRANDA, J. E. C.; FREITAS, A. E. Raças e tipos de cruzamentos para a produção de leite. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2009.12p. (Circular técnica 98).
NETO, A. T.; RODRIGUES, R. S.; CÓRDOVA, H. A. Desempenho produtivo de vacas mestiças Holandês x Jersey em comparação ao Holandês. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.12, n.1, p. 7-12. 2013.
PIZZOL, J. G. D. Comparação entre vacas da raça Holandesa e mestiças das raças Holandesa x Jersey quanto à sanidade, imunidade e facilidade de parto. 2012. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2012.
SØRENSEN, M. K. et al. Invited Review: Crossbreeding in Dairy Cattle: A Danish Perspective. Journal of Dairy Science, v. 91, p. 4116–4128, 2008.
VACCARO, L.P. Survival of European dairy breeds and their crosses with zebus in the tropics. Animal Breeding Abs, v. 58, p. 475-494, 1990.
WEIGEL, K. A; BARLASS, K. A. Results of a producer survey regarding crossbreeding on US dairy farms. Journal of Dairy Science, v. 86, n. 12, p. 4148–54, 2003.
Nos trópicos as raças taurinas puras apresentam na maioria das vezes, problemas de sobrevivência e menores índices produtivos (VACCARO, 1990). Nessas localidades, já é histórica a utilização de cruzamentos entre zebuínos (Bos taurus indicus) e taurinos (Bos taurus taurus) para a produção de animais mestiços com maior adaptabilidade e consequentemente, melhor desempenho.
No entanto, diversos autores em diferentes partes do mundo relatam a superação de limitações relacionadas à fertilidade, saúde e sobrevivência, rusticidade e adaptabilidade, facilidade de parto, resistência a mastite e composição de sólidos no leite em rebanhos resultantes de práticas de cruzamento tanto de raças zebuínas com taurinas, como aqueles ocorridos entre raças taurinas. Knob (2015) pressupõe que o cruzamento entre raças pode, através da complementaridade e do vigor hibrido, melhorar o desempenho do rebanho aumentando a lucratividade da atividade leiteira.
A produção de leite na faixa tropical do Brasil está alicerçada na utilização de mestiças de taurinos com zebuínos, que respondem por uma proporção estimada na ordem de 80% da produção nacional (LEDIC e TETZNER, 2008). Na pecuária leiteira brasileira, os mestiços são aqueles animais conhecidos por serem derivados do cruzamento de uma raça taurina pura, como por exemplo, a Holandesa, com uma raça zebuína, como por exemplo, a Gir Leiteiro (EMBRAPA GADO DE LEITE, 2005). Para Mariante et al. (2003), animais mestiços, de vários grupos sanguíneos, oriundos do cruzamento de diferentes raças taurinas e zebuínas, correspondem a cerca de 95% do número de vacas ordenhadas no Brasil.
Madalena (2012) ressalta que no Brasil, os sistemas de produção predominantes são baseados em pastagens com suplementação e com vacas mestiças, ordenhadas com apojo do bezerro. Acrescenta ainda que os produtores estejam mantendo um rebanho mestiço (durante décadas) na ordem de 16 milhões de vacas, sendo um dos maiores rebanhos mestiços do mundo. Mariante et al. (2003) reforça que a produção de gado de leite na parte tropical do Brasil está baseada majoritariamente em animais mestiços de Bos taurus taurus x Bos taurus indicus, sendo o Holandês a principal raça taurina. Ratificando, McManus et al. (2008) observaram melhores desempenhos nas características produtivas com animais ½ Holandês/Gir e ¾ Holandês/Gir em Goiás, relatando que a exploração de sistemas de cruzamento pode beneficiar o desempenho produtivo e reprodutivo da atividade leiteira.
Conforme Miranda e Freitas (2009) existem resultados de pesquisas científicas mostrando heterose para produção de leite variando de 17,3% até 28% nos cruzamentos entre animais da raça Holandesa e animais das raças zebuínas. Em trabalho descrito por Madalena (2012), baseado na avaliação do desempenho de mais de 600 novilhas de diferentes graus de sangue do cruzamento de Holandês vermelho e branco com zebuínos Guzerá, produzidas pela Embrapa e distribuídas em 67 fazendas cooperadoras da região sudeste, os resultados mostraram efeitos relevantes da heterose na produção de leite, de proteína e de gordura, fertilidade, mortalidade, vida útil, peso, peso/altura, preço da vaca de descarte e resistência aos carrapatos, principalmente em propriedades de baixo nível de manejo.
O cruzamento entre raças especializadas vem ganhando destaque em diversos países, com ênfase para a Nova Zelândia, onde o cruzamento entre animais das raças Jersey e Holandês é largamente utilizado (KNOB, 2015). De acordo com a autora, esta prática envolvendo estas duas raças também é uma das mais disseminadas pelo mundo. Felippe (2013), acrescenta ainda que atualmente os animais cruzados já predominam nos rebanhos neozelandeses com 40,8% do rebanho, ficando à frente do Holandês puro, que representa algo em torno de 38,2%.
Estima-se que atualmente 40,8% dos rebanhos neozelandeses sejam de animais cruzados, principalmente Holandês x Jersey
A abordagem de Neto et al. (2013) corrobora ao observar resultados sobre incremento na lucratividade com a utilização de cruzamentos entre raças especializadas, principalmente Holandês x Jersey, em sistemas de produção baseados em pastagem na Nova Zelândia. Já na Dinamarca, Sorensen et al. (2008) relataram heterose substancial (+18%) para a vida produtiva de vacas mestiças em comparação com vacas de raça pura.
Conforme o estudo, a heterose para características de valor econômico para três tipos de cruzamentos foi superior a 21%. A pesquisa dinamarquesa concluiu que o cruzamento sistemático contribui para um aumento substancial do desempenho econômico dos sistemas de produção leiteira, mostrando claramente que existe heterose para as características economicamente mais importantes na produção de leite, cujo ganho adicional obtido é mais pronunciado para as características funcionais. Além disso, os níveis de consanguinidade (endogamia) apresentaram um rápido aumento na maioria das raças de leite e o cruzamento entre raças pode ter um ótimo efeito para reduzir este impacto nas propriedades comercias de leite (WEIGEL e BARLASS, 2003).
De acordo com Weigel e Barlass (2003) alguns produtores americanos passaram a realizar experiências com cruzamento entre raças por causa da preocupação com fertilidade, facilidade de parto, saúde e longevidade em seus rebanhos de raças puras. Heins et al. (2006) reforçam em sua publicação que o declínio da fertilidade e sobrevivência de vacas Holandesas puras tem levado a um aumento de produtores adeptos a utilizar cruzamentos. Na Nova Zelândia, país referência em produção de leite, Neto et al. (2013) ressaltaram que com a viabilidade da implantação de políticas de pagamento por componentes do leite, somado à crescente preocupação com sanidade e fertilidade, observou-se maior interesse pelo cruzamento. Nesse país, experimentos mostraram que os sistemas de cruzamento adotados determinaram maior lucratividade por animal e por área (PIZZOL, 2012).
Pesquisas sobre o desempenho econômico de raças alternativas de taurinos (Bos taurus taurus) em cruzamentos, nos sistemas de produção brasileiros aparecem como uma necessidade premente (MADALENA, 2012). De acordo com Neto et al. (2013) esforços de pesquisa sobre cruzamentos entre raças leiteiras especializadas foram intensificadas nos países de pecuária leiteira avançada. Conforme o autor, apesar da intensificação atual de estudos sobre o tema, ainda existe diversas lacunas de conhecimento a serem preenchidas.
Em razão das perdas já mencionadas, em especial nos rebanhos puros, Ledic e Tetzner (2008) sugerem que se deve tentar a utilização de diferentes raças taurinas nos cruzamentos, em especial, as raças que estão sendo selecionadas para aumento de sanidade de úbere e aumento de sólidos totais. Os autores citam como exemplos as raças Jersey, Sueca Vermelha e Branca, Simental e Normanda. Cabe salientar, que exatamente estas raças, têm sido amplamente utilizadas em estratégias de cruzamentos com o Holandês em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Também se observa a utilização das raças Norueguesa Vermelha, Montbeliárde, Pardo Suíço, Ayrshire e Guernsey. Entre as zebuínas, o Gir Leiteiro, o Guzerá, o Indubrasil e o Sindi (principalmente no Nordeste) são as raças mais utilizadas para a produção de F1 leiteiras pelos produtores brasileiros (LEDIC e TETZNER, 2008).
No Brasil, a grande maioria dos animais ordenhados são oriundos do cruzamento entre zebuínos Gir Leiteiro e Holandês
Alguns produtores do Sul do Brasil, observando a utilização de cruzamentos entre raças especializadas no exterior, iniciaram programas de cruzamentos em suas propriedades (NETO et al., 2013). Em estudo realizado por Knob (2015) nos estados de Santa Catarina e Paraná, com um criador que cruzou vacas Holandesas com Simental, as fêmeas meio sangue apresentaram maior produção de leite, com maior qualidade, mediante menor escore de células somáticas e maior teor de sólidos, além de desempenho reprodutivo superior. De acordo com Neto et al. (2013), esses produtores buscam nas possibilidades de cruzamentos solucionar deficiências nos rebanhos da raça Holandesa referentes à composição do leite, saúde, fertilidade, longevidade e facilidade de parto.
Nos próximos artigos, discutiremos de forma mais ampla e profunda os impactos da utilização de cruzamentos em rebanhos leiteiros comerciais.
Referências bibliográficas
FELIPPE, E. W. Comparação de vacas mestiças das raças Holandesa x Jersey com vacas puras quanto à eficiência produtiva e reprodutiva. 2013. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2013.
HEINS, B. J.; HANSEN, L. B.; SEYKORA, A J. Calving difficulty and stillbirths of pure Holsteins versus crossbreds of Holstein with Normande, Montbeliarde, and Scandinavian Red. Journal of Dairy Science, v. 89, n. 7, p. 2805–10, jul. 2006a.
KINGHORN, B. Melhoramento Animal: Uso de novas tecnologias. Piracicaba: FEALQ, 2006. 367 p.
KNOB, D. A. Crescimento, desempenho produtivo e reprodutivo de vacas Holandês comparadas às mestiças Holandês x Simental. 2015. 100 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2015.
LEDIC, I. L.; TETZNER, T. A. D. Grandezas do Gir Leiteiro: O milagre zootécnico do século XX. Uberaba: 3 Pinti, 2008. 324 p.
MADALENA, F. E. A contribuição da F1 de gado de leite e as estratégias de sua utilização. In: Simpósio Brasileiro de Melhoramento Animal, 9., 2012, João Pessoa: SBMA, 2012. Disponível em: < http://sbmaonline.org.br/anais/ix/palestras/pdf/Palestra01.pdf>. Acesso em 26 set. 2012.
MARIANTE, A. S.; McMANUS, C.; MENDONÇA, J. F. Country report on state of animal genetic resources Brasil. Brasília: Embrapa Genetic Resources and Biotechnology, 2003. 121 p. (Documentos, 99).
McMANUS, C. et al. Características produtivas e reprodutivas de vacas Holandesas e mestiças Holandês × Gir no Planalto Central. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 5, p. 819-823, 2008.
MIRANDA, J. E. C.; FREITAS, A. E. Raças e tipos de cruzamentos para a produção de leite. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2009.12p. (Circular técnica 98).
NETO, A. T.; RODRIGUES, R. S.; CÓRDOVA, H. A. Desempenho produtivo de vacas mestiças Holandês x Jersey em comparação ao Holandês. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.12, n.1, p. 7-12. 2013.
PIZZOL, J. G. D. Comparação entre vacas da raça Holandesa e mestiças das raças Holandesa x Jersey quanto à sanidade, imunidade e facilidade de parto. 2012. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2012.
SØRENSEN, M. K. et al. Invited Review: Crossbreeding in Dairy Cattle: A Danish Perspective. Journal of Dairy Science, v. 91, p. 4116–4128, 2008.
VACCARO, L.P. Survival of European dairy breeds and their crosses with zebus in the tropics. Animal Breeding Abs, v. 58, p. 475-494, 1990.
WEIGEL, K. A; BARLASS, K. A. Results of a producer survey regarding crossbreeding on US dairy farms. Journal of Dairy Science, v. 86, n. 12, p. 4148–54, 2003.
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