Pesquisadora da Embrapa Gado de Corte fala sobre medidas que o produtor pode adotar nas águas para ter disponibilidade de alimento na seca
Marina Salles
Ampliar fotoChegar na seca com alimento para o rebanho exige planejamento do produtor
Com a entrada do período chuvoso, o pecuarista tem nas mãos uma chance que nem sempre lhe ocorre de bate-pronto, e que pode fazer a diferença durante a seca. A chance de poupar volumoso. Em entrevista à pesquisadora Valéria Pacheco, da Embrapa Gado de Corte, o Portal DBO levantou o passo a passo das medidas que precisam ser pensadas antes que as chuvas cessem:
1) Fazer adubação. “Para ter mais massa, a primeira coisa que vem à mente é fazer uma adubação ou manutenção das pastagens”, afirma Valéria, “o que nem sempre cabe no bolso do produtor”. De acordo com ela, quando cabe, antes ainda desse passo, é preciso fazer uma análise de solo; e se não tem jeito, falta dinheiro, melhor ir direto ao segundo ponto.
2) Ajustar a lotação. De suma importância para não ter superpastejo ou desperdiçar volumoso é ficar de olho na lotação. “Se coloca gado demais o produtor degrada o piquete, se coloca de menos os animais não consomem o que a planta está produzindo”, afirma a pesquisadora.
Sendo assim, a recomendação é se informar sobre a altura do pasto para manejo, que varia conforme a gramínea. Valéria dá alguns exemplos: “Para quem faz pastejo contínuo, o braquiarão não deve passar de 30 centímetros, então, se está com 40 o produtor precisa colocar mais animais na área e se está com 25, ele precisa tirar”, diz. Para a braquiária decumbens, ela afirma ser indicado trabalhar à altura de 25 cm; com o Piatã a 30 cm e o Tifton a 20 cm.
“No caso do pastejo rotacionado o que muda é que você tem uma altura para a entrada dos animais e outra para a saída”, diz. Com o Tanzânia, o gado deve entrar no piquete quando o capim está com 70 cm e sair quando está com 35 cm. Se for Mombaça, entrar com 90 cm e sair com 50 cm. E Xaraés, entrar com 30 cm e sair com 15 cm.
3) Reservar feno em pé. Tradicional, principalmente nas propriedades com manejo mais extensivo, a reserva de feno em pé precisa ser feita até o final do verão, sem ultrapassar a primeira semana de março. “Assim, o produtor tem o outono todo para acumular forragem e usar no período da seca”, afirma Valéria.
Ela lembra ainda que quanto reservar é algo que depende da quantidade de animais que serão alimentados. “Pensando em um hectare de pasto de braquiarão, que foi vedado no final de fevereiro, começo de março, dá para calcular um acúmulo de forragem suficiente para o suporte de 3 UA/ hectare. Estamos falando, então, de alimentar três animais de 450 kg ou seis bezerros desmamados com essa reserva”, diz. O que não dispensa o acréscimo de um sal proteico à dieta. “Como esses pastos vedados têm valor nutritivo mais baixo, dependendo do ganho de peso que o produtor quer alcançar, pode só entrar com o suplemento de sal proteico ou terá que recorrer a outras alternativas”, diz. As opções podem ser tanto concentrado como silagem de milho ou sorgo, por exemplo.
Por último, antes de vedar o pasto, a pesquisadora recomenda baixar um pouco a altura, até uma média de 15 centímetros. “Para não ficar muito material morto na base das touceiras e ter uma rebrota mais nova”, explica.
4) Produzir silagem de capim. Para aqueles com produção mais intensiva e que querem manter a dieta a pasto, Valéria indica a silagem de capim. O procedimento é recomendado, segundo ela, para quem trabalha com variedades mais produtivas.
“Em vez de reservar feno em pé, o produtor que tem maquinário e know how, pode separar alguns piquetes e, durante o verão, fazer silagem de capim. Uma vantagem dele, comparativamente ao feno em pé, é que a produção de matéria seca chega a ser duas vezes maior. Isso porque o animal sempre desperdiça um pouco na sua colheita”, afirma a pesquisadora.
5) Feno em pé e silagem de capim. Mais uma opção é aliar as duas estratégias. Segundo Valéria, usando a proporção 1/3 de feno de capim, 2/3 de silagem. “Nesse caso, o produtor vedaria na primeira semana de fevereiro 1/3 da área que quer destinar para produzir volumoso”, diz, o que lhe garantiria maior acúmulo de forragem em melhores condições de temperatura e umidade. “E reservaria os outros 2/3 só mais para frente, a fim de garantir um alimento de melhor qualidade”, completa. Na hora do uso, o consumo deve seguir a mesma ordem, primeiro o 1/3, depois os 2/3.
Fonte: Portal DBO
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