terça-feira, 14 de novembro de 2017

Energia gerada a partir de dejetos garante economia de R$ 150 mil e premiação para fazenda em MT

André Garcia Santana em 10/11/2017 no site Agro Olhar

Energia gerada a partir de dejetos garante economia de R$ 150 mil e premiação para fazenda em MT
Sucessivas altas e dificuldades com a qualidade de energia eram um dos principais problemas enfrentados pela Fazenda Seis Irmãos, em Tapurah (453 km de Cuiabá). O problema, contudo, virou oportunidade quando os sócios resolveram transformar o biogás excedente de dejetos, oriundos da produção de suínos, em energia. A implantação de uma usina termelétrica zerou a conta de energia e garantiu, além de uma economia de cerca de R$150 mil com a conta, o Prêmio Sistema Famato em Campo, entregue no final da tarde de quinta-feira (9).

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O evento contemplou este ano a inovação, premiando dois empreendimentos que apostaram na sustentabilidade. Assim, além da Seis Amigos, A Fazenda Santa Amélia, em Campo Novo do Parecis (404 km de Cuiabá), também subiu ao pódio, graças a captação de água da chuva para uso nas lavouras de soja, milho, milho pipoca e girassol. Com área total de 3.100 hectares, a propriedade ainda realiza coleta seletiva de lixo e possui estação de energia produzida por placas solares.
 
Equipe da Fazenda Santa Amélia recebe a premição do presidente da Famato.
Ao Agro Olhar um dos sócios da propriedade em Tapurah, Evandro Martimiano, explicou que os dejetos são separados e tratados, seguindo para fertilização e queima em caldeiras. O biogás então é transformado em vapor que aciona uma turbina capaz de gerar hoje 1500 kva, quase o triplo do consumo ali. A propriedade, que compelta uma década de fundação, adotou a medida há seis meses, conseguindo, mesmo em fase de testes, resultados mais que satisfatórios.

“Com isso é possível aumentar outras atividades e áreas de produção ou comercializar essa energia, que tem muita qualidade. É uma energia constante e limpa. Além do mais estamos deixando de emitir aproximadamente 1,2 milhões de metros cúbicos de gás metano na atmosfera, o que proporcionará a geração de uma nova receita para a fazenda”, explica.

Como o funcionamento da usina é recente, ainda não há um cálculo percentual da economia gerada pela iniciativa. O que há de concreto até o momento, são os benefícios da extinção da conta de energia. ”Tínhamos gasto médio de 150 mil reais com energia, que foi zerado. O resultado é extramente positivo e esperamos no futuro ampliar a produção, incluindo novas formas de combustão, como cavaco, lenha, matérias orgânicas e tudo que for descartado dentro da fazenda.”

O desafio apresentado para a implantação da usina se mostrou justamente pela sua proposta pioneira: a Seis Amigos foi a primeira propriedade no Brasil a investir na queima de biogás. Diante disso, os sócios precisaram buscas por tecnologias que permitissem a purificação e resfriamento do gás, o que reduz o desgaste do equipamento. “De importado nós só temos os queimadores, todo o restante da alta tecnologia empregada é nacional. Juntamos todos os parceiros com o mesmo objetivo.”

Na fixa técnica da propriedade estão contabilizados 150 funcionários que atuam em área total de 1374 hectares. Lá, além da extração de biogás e geração de energia, também foi instalado hidrômetro para medir e controlar o consumo de água nas granjas. O destaque da gestão é o softwere de sistema integrado, que emite relatório mensal para os sócios e possui uma empresa que cuida do processo de sucessão familiar.

No caso da Santa Amélia, as ações já renderam ao proprietário, Roberto Luiz Chioquetta e à sua equipe, composta por 22 funcionários, as certificações RTRS e SSS, que garantem a sustentabilidade de empreendimentos pelo Brasil. De acordo com a Famato, lá a estação de energia solar gera atualmente 300 kva, o dobro de energia que a propriedade necessita. A ação vai resultar no desenvolvimento de projetos futuros, como a irrigação, que deverá tornar o espaço autossustentável.

O prêmio

A premiação é uma iniciativa da Famato, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Os objetivos são reconhecer propriedades referência em Mato Grosso, compartilhar experiências, divulgar e reconhecer ideias de sucesso. O tema muda a cada edição e em 2017 a aposta foi “Inovação”. As sete fazendas finalistas receberam um troféu e uma placa de reconhecimento. As duas vencedoras participarão ainda de uma Missão Técnica internacional.

Para o presidente da instituição, Normando Corral, o prêmio confere as vencedoras  a visibilidade necessária para expandir suas propostas. Durante o evento, realizado na sede da Famato, em Cuiabá, ele refrorçou que a obrigação do Sistema é levar aos produtores de todo o Estado soluções para diferentes demandas. “As grandes inovações são aquelas soluções muito simples para problemas mais complexos.”

Ele lembrou que o Estado vive agora um novo desafio de expansão. “Mato Grosso se tornou o que é hoje através da expansão de fronteiras agrícolas. Mas isso já passou. Não estamos atrás de abertura de novas áreas. A próxima fronteira a ser expandida é a do conhecimento. Através dela nós vamos produzir mais e crescer. Por isso temos obrigação de chegar ao produtor e mostrar que para cada problema que ele tenha, já existe uma solução. Temos que difundir e levar a mensagem para os produtores.”

As outras cinco finalistas são: Fazenda Perdizes, em Taborã, que passou a desenvolver projetos voltados aos colaboradores; Fazenda Piraguassu, em Porto Alegre do Norte, que melhorou a assiduidade dos servidores com uma premiação; Fazenda Platina, em Santa Carmen, com Integração Lavoura-Pecuária; Estância Sophia (Santo Antônio de Leverger), com a construção de um bezerreiro argentino, adaptado para a região, que reduziu a mortalidade dos animais; Fazenda Cristalina (Campo Verde), que desenvolveu um aplicativo para rastrear sementes, facilitando o trabalho logístico interno. 

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