terça-feira, 21 de novembro de 2017

Nova geração de biodefensivos baseados em veneno de aranhas

Por:  -Leonardo Gottems 



A grande maioria das aranhas venenosas não machucam, mas definitivamente as pessoas querem evitar as aranhas da família da aranha-teia-de-funil. Elas possuem venenos que paralisam a presa ao destruir os sistemas nervosos. Alguns são tão poderosos que podem matar humanos adultos.
Cientistas notaram o poder de alguns venenos e começaram a observar as possibilidades de aplicação de todos os tipos. Glenn King, um biólogo molecular na Universidade de Queensland em Brisbane, na Austrália, acredita que esses venenos poderiam mudar a indústria agrícola. Em 2005, ele fundou uma empresa de biotecnologia chamada Vestaron, agora radicada no Michigan, para usar veneno de aranha como base para melhorar pesticidas.
A Vestaron se foca no desenvolvimento natural de inseticidas de veneno de aranha, seja distraindo elas no laboratório ou desenvolvendo elas através de levedura geneticamente modificada. Também trabalha no desenvolvimento de cultivos geneticamente modificados para que as plantas produzam seus próprios químicos que matem os insetos.
A Vestrom recebeu aprovação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos para lançar seus produtos à base de aranha-teia-de-funil no começo de 2018 para vender a produtores de flores ornamentais e vegetais, como tomates e pepinos. A aranha é feita de centenas de pequenas proteínas chamadas de péptidos, dos quais destroem as células do sistema nervoso central de uma vítima, causando parálise. No entanto, muitos dos péptidos agem de maneira similar de um a outro, eles não são exatamente a mesma coisa. Para assegurar o efeito desejado, é preciso garantir que o alimento da aranha morrerá antes de resistir. Se um componente não agir, outro o fará. Enquanto algum dos péptidos são altamente tóxicos para humanos, outros não são tanto. Alguns são apenas letais para os insetos, fazendo delas o inseticida natural se puderem ser produzidos em massa.
Pesquisadores da Vestaron desmontam o péptidos da aranha-teia-de-funil e isolam as que causaram parálise em insetos, mas não em humanos e animais. E então os genes isolados na aranha que fazem os péptidos e inserem na levedura. A levedura transgênica pode ser, então, produzida em massa através dos componentes da fermentação, o mesmo processo que produz álcool.
Dois componentes estarão à venda nos Estados Unidos começando em Janeiro, que matam a mosca-branca, pulgões e ácaros. Os produtos feitos para matar lagartas serão lançados depois durante o ano de 2018.
Nos testes de laboratório, as aranhas venenosas provaram que combinam as melhores qualidades dos pesticidas disponíveis, mas minimizam os efeitos nas plantas. De acordo com a Vestaron, as plantas que tivera aplicações de pesticidas de veneno de aranhas podem ser colhidas no mesmo dia.
No momento, esses produtos só estão projetados para ser usados em estufas fechadas. Mas tem potencial para outros usos.
John Sorenson, geneticista e CEO da Vestaron, estima que os produtores terão um preço de US$ 700 por galão (3,7 litros). Em função da forte demanda, Sorenson acredita que as vendas serão boas. “Os consumidores são a força que puxam todo o movimento para inseticidas mais seguros e para saber de onde vêm os químicos,” afirmou Sorenson.

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