Investir em plantio de árvores na fazenda representa mais bem-estar ao rebanho, que agradece melhorando a produção.
Sabe todos aqueles conceitos que você aprendeu sobre rusticidade, e a forma como ela representa uma boa produtividade animal? Pois é! Pegue todos eles e jogue fora. É claro que ter um rebanho que se adapte bem às altas temperaturas representa uma vantagem. Mas existe uma diferença grande entre se adaptar e gostar do clima tropical. É como acontece com a gente. Até que dá pra trabalhar nesse calorão. Mas vai dizer que não prefere um ar condicionado?!?
Com o slogan 'Ponha o seu boi na sombra', a ideia de João Gilberto Bento, consultor da ABCZ para assuntos relacionados a ILPF, é mostrar aos pecuaristas a importância de investir no bem-estar animal por meio do sombreamento. O projeto é apenas uma sementinha. "Existe uma familiaridade da diretoria da ABCZ, com a ideia de que o conforto térmico é extremamente importante para o rebanho. Portanto essa semente pode se tornar muda e quem sabe frutificar", explica ele.
Ele revela ainda que alguns estudos já comprovam a relação de uma melhora na produtividade quando existe conforto térmico para o rebanho. "Esse cenário ajuda na produção de leite, ganho de peso, fertilidade... Enfim, tudo melhora", conta.
E sobre a ideia de que embaixo de árvore não nasce capim, Bento destaca que não passa de um mito. "É claro que algumas espécies, como o próprio eucalipto, que a folha tem alguma oleosidade, pode prejudicar um pouco a multiplicação do capim. Mas de modo geral as árvores não interferem. Até porque a gente está falando de um ambiente em que ainda bate sol. A diferença é que debaixo das árvores a temperatura fica mais baixa", ressalta.
E o pecuarista José Luiz Niemeyer dos Santos enxergou tudo isso há mais de 20 anos. Ele olhou para as erosões na fazenda e viu bem mais que espaços perdidos. Encontrou partes degradadas de pasto, e deu nova funcionalidade. Nas áreas que não serviam mais para lavoura ou para alimentar as duas mil cabeças de gado, foram plantadas mudas. E, dessa forma, a propriedade de 1.8 mil hectares no interior de São Paulo, já ganhou vários pequenos bosques. "São áreas estratégicas em quinas de cerca, em locais de muito declive, em matas ciliares...Já perdi as contas de quantas espécies plantei aqui", conta.
Ele explica ainda que nunca teve interesse em explorar comercialmente a madeira, por isso a escolha é sempre por espécies nativas da Mata Atlântica. "Temos o rebanho e a lavoura que são comerciais, mas a parte de floresta, dentro desse conceito de ILPF, é só mesmo para trazer mais bem-estar aos animais, com possibilidade de áreas sombreadas. É claro que precisei investir. Somando o valor do plantio e conservação, foi algo em torno de R$1 mil ano/ha durante os cinco primeiros anos. Depois desse tempo, as árvores cresceram e a manutenção se resume a cuidados com o fogo", finaliza.
E valeu a pena! Tanto que o trabalho de plantio, juntamente com outras iniciativas sustentáveis desenvolvidas na fazenda, já rendeu algumas premiações ao criador, além da certificação ISO 14001, que leva em conta aspectos ambientais influenciados pela propriedade e outros passíveis de serem controlados por ela.
Autor: Mário Sérgio Santos / Imagem: Rodrigo Alva
Fonte: Revista ABCZ, Ed. 97 mar./abr. 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário