terça-feira, 30 de maio de 2017

Conheça o projeto Boi na Sombra




Investir em plantio de árvores na fazenda representa mais bem-estar ao rebanho, que agradece melhorando a produção.

Sabe todos aqueles conceitos que você aprendeu sobre rusticidade, e a forma como ela representa uma boa produtividade animal? Pois é! Pegue todos eles e jogue fora. É claro que ter um rebanho que se adapte bem às altas temperaturas representa uma vantagem. Mas existe uma diferença grande entre se adaptar e gostar do clima tropical. É como acon­tece com a gente. Até que dá pra trabalhar nesse calorão. Mas vai dizer que não prefere um ar con­dicionado?!? 

Com o slogan 'Ponha o seu boi na sombra', a ideia de João Gilberto Bento, consultor da ABCZ para assuntos relacionados a ILPF, é mostrar aos pecua­ristas a importância de investir no bem-estar ani­mal por meio do sombreamento. O projeto é apenas uma sementinha. "Existe uma familiaridade da di­retoria da ABCZ, com a ideia de que o conforto tér­mico é extremamente importante para o rebanho. Portanto essa semente pode se tornar muda e quem sabe frutificar", explica ele.

Ele revela ainda que alguns estudos já compro­vam a relação de uma melhora na produtividade quando existe conforto térmico para o rebanho. "Esse cenário ajuda na produção de leite, ganho de peso, fertilidade... Enfim, tudo melhora", conta.

E sobre a ideia de que embaixo de árvore não nasce capim, Bento destaca que não passa de um mito. "É claro que algumas espécies, como o pró­prio eucalipto, que a folha tem alguma oleosidade, pode prejudicar um pouco a multiplicação do ca­pim. Mas de modo geral as árvores não in­terferem. Até porque a gente está falando de um ambiente em que ainda bate sol. A dife­rença é que debaixo das árvores a tempera­tura fica mais baixa", ressalta.

E o pecuarista José Luiz Niemeyer dos Santos enxergou tudo isso há mais de 20 anos. Ele olhou para as erosões na fazenda e viu bem mais que espaços perdidos. Encon­trou partes degradadas de pasto, e deu nova funcionalidade. Nas áreas que não serviam mais para lavoura ou para alimentar as duas mil cabeças de gado, foram plantadas mu­das. E, dessa forma, a propriedade de 1.8 mil hectares no interior de São Paulo, já ganhou vários pequenos bosques. "São áreas estraté­gicas em quinas de cerca, em locais de muito declive, em matas ciliares...Já perdi as con­tas de quantas espécies plantei aqui", conta.

Ele explica ainda que nunca teve interes­se em explorar comercialmente a madeira, por isso a escolha é sempre por espécies na­tivas da Mata Atlântica. "Temos o rebanho e a lavoura que são comerciais, mas a parte de floresta, dentro desse conceito de ILPF, é só mesmo para trazer mais bem-estar aos ani­mais, com possibilidade de áreas sombrea­das. É claro que precisei investir. Somando o valor do plantio e conservação, foi algo em torno de R$1 mil ano/ha durante os cinco primeiros anos. Depois desse tempo, as ár­vores cresceram e a manutenção se resume a cuidados com o fogo", finaliza.

E valeu a pena! Tanto que o trabalho de plantio, juntamente com outras iniciati­vas sustentáveis desenvolvidas na fazenda, já rendeu algumas premiações ao criador, além da certificação ISO 14001, que leva em conta aspectos ambientais influenciados pela propriedade e outros passíveis de serem controlados por ela.



Autor: Mário Sérgio Santos / Imagem: Rodrigo Alva

Fonte: Revista ABCZ, Ed. 97 mar./abr. 2017.

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