A criação de resistência de fungos e insetos a produtos que hoje estão no mercado para combatê-los dá um alerta sobre a forma como estão sendo usadas essas tecnologias.
No mês passado, o comitê internacional de resistência a fungicidas (FRAC, na sigla em inglês) revelou que houve uma mutação no fungo causador da ferrugem asiática no Brasil. O assunto, que foi tema da Revista Agro DBO do mês de maio, suscita preocupação das autoridades brasileiras.
“Hoje, a nossa preocupação é tanto com preservar as tecnologias que temos disponíveis, como com a falta de tecnologias no portfólio das empresas, porque é difícil aprová-las”, afirmou Luis Eduardo Pacifici Rangel, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em entrevista ao Portal DBO durante a Agrishow 2017.
De acordo com ele, é justamente nas regiões tropicais que as pragas e doenças encontram terreno fértil para se desenvolver, o que exige atenção dos produtores e do governo. “As estratégias que o mundo já adotou em manejo de resistência focam muito em biotecnologia ou inseticidas. Mas, considerando que os fungos também acabam sendo mais eficientes em climas como o do Brasil, precisamos criar uma expertise própria para lidar com eles”, diz o secretário.
Diante da notificação da agência internacional FRAC, ele conta que foi formado um comitê na Embrapa Soja, no Paraná, para reavaliar defensivos registrados para controle da ferrugem asiática. Os resultados obtidos devem ser divulgados até o final deste semestre.
Mesmo com as redefinições que devem vir, Rangel afirma que o produtor não deixará de contar com ferramentas importantes para manejo da lavoura. “O que a gente retirou foram produtos que sabidamente não tinham mais eficiência, mantendo, na verdade, uma perspectiva para moléculas até mais antigas, que estavam sendo usadas em conjunto com outras”, diz. É o caso, por exemplo, do Mancozebe, fungicida de superfície que não era destinado preferencialmente ao combate da ferrugem da soja, mas que, segundo Rangel, demonstrou ter efetividade no seu controle.
Junto das novas indicações, deve vir ainda a desburocratização da aprovação de novas moléculas. “Essa é uma prioridade nossa, uma vez que a ferrugem da soja é a doença mais importante que atinge a cultura”, completou o secretário.
Fonte: Portal DBO
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