Desenvolvido através de uma parceria entre a Embrapa Milho e Sorgo e o Grupo Vitae Rural, chega ao mercado o Inseticida biológico CartuchoVIT. Trata-se do primeiro inseticida à base de Baculovirus spodoptera contra a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), e tem início de comercialização previsto para o próximo em outubro, visando atender a safra 2017/2018.
“O CartuchoVIT será vendido em lojas de varejo, acessível aos agricultores que plantam em pequenas áreas, ou por venda direta e em distribuidores, facilitando a comercialização para grandes produtores”, explica Paulo Bittar, sócio proprietário da Vitae Rural.
De acordo com a Embrapa, um dos maiores desafios enfrentados durante a fase de industrialização do CartuchoVIT é tornar o inseticida ainda mais resistente à exposição da radiação ultravioleta. A recomendação de aplicação do produto na lavoura é após as 16 horas, já que a luz do sol destrói o baculovírus, tornando-o ineficaz contra a lagarta.
Bittar revela que a Vitae Rural já possui uma nova fórmula do produto, chamada de “premium” pela equipe desenvolvedora, voltada para mais proteção: “É um caminho de fórmula fechada, que temos que trilhar junto ao Ministério da Agricultura. Vamos fazer ainda a parte regulatória e acredito que dentro de três anos ofertaremos essa nova versão”, adianta Bittar.
Segundo o pesquisador Fernando Valicente, da Embrapa Milho e Sorgo, o desafio agora é disponibilizar o produto biológico no mercado e mantê-lo eficiente durante seu tempo de prateleira: “Foram anos a fio de investimentos, de experimentos em laboratórios e em campos para tornar o produto viável. O balanço é altamente positivo, já que a cada ano presenciamos ataques mais agressivos da lagarta-do-cartucho e, consequentemente, quantidades maiores de inseticidas químicos sendo aplicados. Dessa forma, o baculovírus vem para dar um equilíbrio nesse contexto”, explica.
“A Embrapa tem um papel fundamental na transferência dessa tecnologia. Aliada à capacidade produtiva do grupo Vitae Rural, a tendência é aumentar a produção para atender a demanda crescente nas fronteiras agrícolas do país”, completa o pesquisador.
Ainda de acordo com dados divulgados pela Embrapa, as avaliações de campo comprovaram a eficiência do produto, apresentando taxa de mortalidade entre 75% e 95% das lagartas com até cinco dias de idade (até quase 1 cm de comprimento). Os sintomas do baculovírus no inseto começam com perda de apetite (podendo reduzir a alimentação da lagarta em até 93%), redução na mobilidade, descoloração do corpo e morte. Além da eficiência, a tecnologia apresenta como diferenciais o baixo número de aplicações (em geral duas) e a preservação de mananciais de água e de inimigos naturais da praga.
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