Por Thuany Coelho em 04/12/2017 no site Portal DBO
Com um problema crônico de infraestrutura de transportes e logística que não se consegue resolver em curto prazo, resta ao produtor investir em armazenamento nas propriedades para minimizar as dificuldades e custos de escoamento das safras. Esta é a opinião de Cláudio Graeff, presidente da comissão de logística e competitividade da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), que falou durante o Seminário Infraestrutura de Transportes e Logística - Visão dos Usuários. “Uma ferrovia demora de cinco a sete anos para implantação, uma rodovia pode demorar quase isso também. A Ferrogrão estará pronta em sete anos, se não acontecer nada. Pegando o histórico, isso pode chegar a 12 anos. Então, a ampliação de armazenagem na fazenda é o que pode ser feito para 2018, 2019, já que os investimentos são menores”, afirmou o também diretor do Berkeley Research Group (BRG).
A opinião foi reforçada por Renato Pavan, sócio da Macrologística Consultoria. “A armazenagem é âncora para o sistema de logística porque, a partir dela, você determina o fluxo de transporte”. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda que a capacidade de armazenagem seja de pelo menos 20% acima da produção. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capacidade de armazenagem agrícola no fim de 2016 chegou a 168 milhões de toneladas. A safra 2016/2017 foi estimada em 238,5 milhões de toneladas.
Para Pavan, o problema é maior nas fazendas, onde está concentrado o déficit de armazenagem - enquanto a nível de coletores, intermediários e terminais portuários existe até um superávit. Informações da FAO indicam que 60% dos armazéns deveriam estar nas propriedades. No Brasil, esse número é de 14%, segundo Pavan. “A falta de armazenagem a nível de produtor é a principal deficiência do sistema nacional de armazenagem, causando congestionamento em todo o sistema logístico”, argumenta Graeff.
Integração e concorrentes - Graeff ressalta que é necessário ter uma visão sistêmica da logística no país. “Não é olhar só transporte, mas também armazenagem, energia e integração dos modais”. Na questão de integração, ele reforça a subexploração das malhas ferroviária e hidroviária. “São meios mais baratos e que não usamos como podemos. Alternativas existem”.
Segundo ele, a situação atual gera perda de competitividade ao setor frente aos principais concorrentes. “Geramos riqueza entre os nove primeiros, mas estamos em infraestrutura com países que produzem muito menos”. “O agronegócio tem avançado muito em produção, sustentabilidade, até em acordos comerciais. Mas está ficando para trás em infraestrutura e logística”, reforçou Luiz Cornacchioni, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio.
De acordo com Pavan, o custo de exportação para a China - com o produto saindo de Sorriso para Santos por rodovia - fica em US$ 102/tonelada, enquanto o valor nos Estados Unidos é de US$ 51/tonelada (saindo de Illinois para Nova Orleans) e de US$ 79/tonelada na Argentina. Em relação ao vizinho sul-americano, a situação pode se agravar, já que está em fase de planejamento a implantação de uma ferrovia entre Córdoba e portos no Chile, o que baratearia o transporte para até US$ 30/tonelada. “A saída pelo Pacífico ainda deve facilitar o acesso aos mercados asiáticos”.
Ouça o comentário de Cláudio Graeff sobre a necessidade da ampliação de armazenagem no país:
Fonte: Portal DBO
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