Com pastagens se degradando, o pecuarista Valdemar Antoniolli sentiu a necessidade de tomar uma atitude para melhorar sua produtividade e garantir o lucro na Fazenda Platina, em Santa Carmem (MT). Sem condições de bancar o replantio da forrageira, ele viu na agricultura uma forma de reduzir os custos com a recuperação dos pastos. Foi aí que entrou no que ele considera um caminho sem volta: a integração lavoura-pecuária (ILP).
"Hoje não faríamos mais pecuária sem agricultura e nem agricultura sem pecuária", afirma Antoniolli.
O processo de transição começou há oito anos, aos poucos. Ele buscou auxílio de um consultor técnico e inicialmente destocou 380 ha da fazenda. Corrigiu a acidez do solo e plantou arroz. Após dois anos de lavoura, voltou ao capim. A partir daí passou a plantar soja na safra e milho consorciado com braquiária na safrinha. Após a colheita do milho ficava com a pastagem para o gado.
Aos poucos, com o lucro da agricultura, Valdemar Antoniolli foi expandindo a área de integração lavoura-pecuária e modernizando o maquinário da fazenda. Hoje todos os 2.400 ha que são de áreas produtivas na propriedade rural já estão em integração. Além disso, ele já consegue fazer todas as atividades da fazenda com recursos próprios, sem necessidade de financiamento bancário.
Sistema produtivo
De acordo com o produtor, a estratégia produtiva da fazenda é de no período da chuva ter 40% da propriedade com lavoura, enquanto 60% se mantém na pecuária. Na seca, os animais entram em 100% dos talhões. Além disso, é feita uma rotação de forma que um pasto fica no máximo quatro anos com forrageira antes de retornar à agricultura.
Hoje, no entanto, a Fazenda Platina não faz mais safrinha de milho. A pastagem é semeada logo após a colheita da soja, ganhando mais tempo para a pecuária.
"Nossa safrinha é carne, é proteína. Com a safrinha de milho, além de deixarmos de usar os pastos de braquiária já no mês de abril, não compensa porque muitos vizinhos plantam milho. Fica fácil para a gente comprar e, pelo pouco milho que usamos, não é economicamente viável", explica Valdemar Antoniolli.
Atualmente a Fazenda Platina faz cria, recria e engorda. Está terminando de montar uma estrutura para também fazer o acabamento dos animais.
Benefícios
Desde que começou a fazer a integração lavoura-pecuária, a Fazenda Platina passou de um rebanho de 1.700 cabeças para 4.500 cabeças. Isso mesmo com a utilização em lavoura de parte da área antes destinada à pecuária. O tempo médio de abate dos animais também foi reduzido em quase um ano.
Na agricultura, a soja teve um aumento de produtividade de 5 a 7 sacas. Além disso, outros benefícios foram notados, como maior acúmulo de matéria orgânica no solo, ciclagem de nutrientes, melhor cobertura do solo, manutenção da umidade do solo reduzindo o estresse das plantas em ve
ranicos, menor incidência de plantas daninhas, além da diversificação da renda.
"O grande negócio da integração é que você tem faturamento mensal o ano inteiro. O que acontece é que um lavoureiro não gosta de gado e o pecuarista não gosta de lavoura. É difícil de aceitar essa integração. Mas eu diria que todos que são produtores, deveriam, de uma maneira ou outra, se encaixar, para o bem deles. Porque todo mundo gosta de resultado econômico", aconselha Antoniolli.
Árvore
O próximo passo da Fazenda Platina é dar acesso á sombra aos animais, gerando maior conforto térmico. Para isso, serão plantadas árvores paralelas às cercas da propriedade.
Sobre a utilização das árvores dentro dos sistemas de integração, formando um sistema agrossilvipastoril, o produtor ainda tem ressalvas. Ele que também é empresário do setor madeireiro acredita que, no momento, o mercado para a madeira de reflorestamento ainda é incerto. De acordo com a percepção dele, devido à distância de mercados consumidores, atualmente somente a teca seria economicamente viável. Outras madeir
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