Com a recuperação econômica e uma safra recorde de grãos, o Brasil registrou no ano passado a maior quantidade de produtos químicos importados de todos os tempos. Foram comprados no exterior US$ 37,2 bilhões por mais de 43,1 milhões de toneladas de produtos em 2017, aponta a (Abiquim) Associação Brasileira da Indústria Química.
Com isso, o déficit na balança comercial de produtos químicos somou US$ 23,4 bilhões no ano que passou. O resultado significou a primeira alta após uma série de três anos consecutivos de reduções do indicador: em 2014 foram de US$ 31,2 bilhões, em 2015 ficou em US$ 25,4 bilhões e em 2016 haviam sido US$ 22,0 bilhões.
De acordo com a Abiquim, os principais fatores que levaram a esse aumento do déficit em produtos químicos foram a retomada da atividade econômica nacional e a safra de grãos recorde registrada pelo agronegócio brasileiro. A isso, comenta a Associação, se somou a “ausência de investimentos produtivos que pudessem suprir essa nova demanda com o incremento da produção nacional”.
Os produtos químicos intermediários para a produção de fertilizantes foram o principal item da pauta de importação do setor. As compras desse segmento somaram mais de US$ 6,4 bilhões em 2017, o que significou nada menos que 60,7% (o equivalente a 26,2 milhões de toneladas) das 43,1 milhões de toneladas em compras externas de produtos químicos.
Para o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, apesar da importância do agronegócio e da extração mineral para garantir divisas aos compromissos financeiros externos nacionais, o Brasil não pode planejar o futuro da nação com base na exportação de commodities primárias, fortemente sujeitas a variações substanciais de preços no mercado internacional.
“É imperativo gerar empregos e renda com agregação de valor às riquezas naturais brasileiras em território nacional. Não se pode conceber como excelentes projetos de investimento de fertilizantes e de intermediários químicos como metanol, entre outros que usam o gás natural como matéria-prima, por exemplo, se efetivem em diversos países que não dispõem de reversas comparáveis às brasileiras, mas que possuem políticas públicas asseguradoras dessa produção local. Exportar bens primários para importar transformados de alto valor agregado não é uma estratégia condizente aos desafios e às oportunidades que se observam para os próximos anos e muito menos ao próprio tamanho do Brasil no mundo”, destaca Figueiredo.
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