sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Conheça os cuidados para se ter com os arames de cercas

Por Luiz H. Pitombo em 24/01/2018 no site Portal DBO




Bons cerqueiros são profissionais raros hoje em dia. Eles não deixariam, por exemplo, que o arame “cantasse” como uma corda de viola de tão esticado, pois sabem estimar a correta pressão do fio, evitando que ele se rompa com a força do animal, com perda de tempo e dinheiro em seu reparo. Esta é uma das falhas mais comuns nas fazendas. Se a “cantoria” não é bem-vinda, isso não quer dizer, porém, que a cerca fixa não tenha uma “alma”. “Costumo falar em minhas apresentações que os esticadores são a ‘alma’ dessa construção”, afirma o médico veterinário Renato Jaquetto, que realiza palestras sobre o tema por intermédio da Belgo Bekaert, empresa produtora de arames. Colocados em pontos estratégicos de onde saem os fios da cerca, a correta instalação dos esticadores traz firmeza e resulta em menores problemas e despesas de manutenção. “Os mourões precisam estar muito bem fixados no terreno e a trava entre eles deve ter ao menos 2 metros de comprimento, para que o esticador não tombe”, enfatiza. O uso da chamada chave de charrua para fazer nós é fundamental para que o fio mantenha sua resistência original. No caso de arames lisos ovalados de uso na pecuária de corte, suportam no mínimo 700 kgf (quilogramas-força) e assim se manterão. Para estimar a tensão adequada, sugere que com as mãos se segurem dois fios da cerca e que se tente uni-los, quando precisarão mostrar flexibilidade, mas sem se juntar.
Ambiente e materiais - No planejamento e na escolha dos materiais é importante acompanhar os custos em cada situação, considerando a categoria animal que ficará no pasto. Deve-se determinar o número de fios, a disponibilidade de materiais para sua instalação, o tipo de solo, a topografia e o clima. Se chove muito ou se a propriedade está em região litorânea, isso ataca o metal do arame e diminui sua vida útil exigindo fio com boa proteção pela galvanização. A depender do desafio, a durabilidade pode variar de 1 até 30 anos. Segundo o técnico, em relação a valores, os arames não representam o maior gasto, “que pode ficar em 19% do custo total se for o liso ovalado ou 24% se for o farpado que é mais caro. As madeiras representam em torno de 30% dos custos e a mão de obra, 40%.
O tipo de solo e a topografia também interferem na instalação, em função de questões práticas e econômicas. Jaquetto explica que em terrenos acidentados sua opção para cercas fixas recai no arame farpado, pois necessita de esticadores mais simples, com menos gasto em mourões e mão de obra de instalação do que o ovalado nessa condição, que precisaria de mais esticadores do que o normal. Em solos pedregosos ou arenosos, mais uma vez sua escolha é pelo farpado por motivos similares, ou seja, estrutura mais simples de fixação.
No entanto, em geral, o veterinário comenta que a alternativa mais econômica é o arame liso ovalado. “Se o farpado requer esticadores no máximo a cada 250 metros e estacas intermediárias a cada 6 metros, o liso é a cada 500 metros e 10 metros, respectivamente, com menor utilização de material e mão de obra”, diz. Nos dois casos é considerado o uso a cada 2 metros dos distanciadores de arame (os balancins), mais duráveis que os de madeira e que também reduzem despesas por permitir espaços maiores entre as estacas. O fato de o liso não ferir animais e estragar o couro, em sua avaliação, não pesa na escolha, mas sim a economia de material e trabalho. Num cálculo que fez, mostra que o custo total de uma cerca fixa com o arame liso ovalado é de R$ 8.614,00/km, ante R$ 9.205,50/km do farpado, ou 6,5% inferior. Jaquetto avalia que é difícil generalizar quais os preços mais vantajosos de mourões e estacas dos diferentes materiais – eucalipto, concreto, plástico, aço ou pneus reciclados. Isso pela variação do que pode existir ou não em cada região e os valores de frete. “Os mais utilizados são de eucalipto e os mais caros costumam ser de madeira de lei, raros e de extração proibida”, diz.
Outros cuidados - Uma falha igualmente comum nas fazendas é a colocação dos distanciadores de arame a partir do primeiro fio da cerca, em vez do segundo, quando é possível se fazer uma amarração adequada. Fabiano Siqueira, gerente regional de vendas da Taura, empresa produtora de arames, também dá preferência a este tipo de distanciador, “por ser de instalação prática e rápida, além de ser reaproveitável”.
Dentre as modalidades de cercas fixas para a pecuária, cita a existência das cercas mistas, por exemplo, a que associa apenas um fio eletrificado aos demais em confinamentos, o que inibe a investida dos animais e reduz a manutenção. Ao considerar os terrenos acidentados, reconhece que o arame farpado é o mais em conta, no entanto sua opção é pelo liso, por ter uma força de ruptura maior e estar, assim, menos sujeito a quebras quando esticado nessa situação. A capacidade do farpado é de apenas 250 kgf, mas existem as espetadas, que inibem a investida do animal na cerca. “Para a boa conservação dos arames armazenados, é necessário que fiquem em local coberto, seco e longe do sal e defensivos, que poderão prejudicar sua vida útil”, alerta Christian Speyer, gerente de marketing da Morlan, outra empresa do setor de arames. Ele aponta dois outros aspectos que merecem atenção, a começar por ter cuidado para não deixar o arame embaraçar quando o rolo é aberto. Em seguida, fala do risco representado pelas queimadas, que trazem prejuízo à estrutura, recomendando que a área da cerca seja mantida limpa.
*Matéria originalmente publicada na edição 439 da Revista DBO.
Fonte: Portal DBO

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