O manejo da cultura do milho não é um dos mais complexos frente as outras culturas agrícolas plantadas no nosso país. Obviamente, a cultura do milho apresenta determinados entraves, mas agricultores não têm enfrentado sérios problemas ao conduzi-la. Contudo, o cenário vivido por muitos pecuaristas tem sido um pouco mais sombrio. Por que? Ocorre que muitas fazendas zootécnicas não possuem equipamentos especializados e mão-de-obra treinada para manejar o milho durante a fase agronômica. Somado a estes problemas, existe também a falta de foco para esta etapa. Ou seja, discute-se muito sobre os aspectos nutricionais da silagem de milho e muito pouco (quase nada) sobre o agronômico.
Embora os híbridos transgênicos represente a maioria das nossas lavouras, muitos deles necessitam de aplicação de inseticidas ao longo do ciclo, conforme pode ser visto na Foto 1. Por outro lado, algumas pragas não tem controle estabelecido e, desse modo, não há o que fazer (Foto 2). Muitos híbridos também são susceptíveis às doenças de final de ciclo e necessitam de fungicidas. Em muitas áreas, principalmente onde não há plantio direto, as plantas daninhas infestam a cultura e, desse modo, há a necessidade de herbicidas.
Quanto ao programa de fertilização, há a adubação de plantio e, posteriormente, as fertilizações de cobertura, as quais apresentam períodos pré-determinados para serem realizadas. Todos esses aspectos agronômicos (controle de pragas, doenças, plantas daninhas e fertilização) devem ser desempenhados durante o período que mais chove na região central do país. Ou seja, nem sempre que uma praga precisa ser controlada ou um herbicida ser aplicado o manejo ocorrerá, pois há interferência do clima.
Então, silagem de milho com alto valor nutricional e custo reduzido acaba sendo para poucos. Nós criamos um hábito de discutir sobre a silagem de milho, a qual é uma forragem, como se ela fosse um ingrediente concentrado. Muitos nutricionistas que prestam serviço de formulação de dietas simplesmente vão até o painel do silo, coletam uma amostra, encaminham ao laboratório e, posteriormente, criticam o laudo em função do baixo valor nutricional. Faço um convite a esses profissionais a participarem da escolha do híbrido, acompanhar o plantio e todas as demais etapas que cercam a condução da cultura e a produção da silagem. Silagem de milho exige atenção e dedicação intensa, do início até o fim, ou seja, da escolha do híbrido até o cocho. Há a necessidade de ter uma visão macro do sistema.
Portanto, o valor nutricional de um híbrido deve ser discutido posteriormente a análise agronômica do mesmo, ou seja, é segundo plano. Híbridos que desempenham adequadamente durante a etapa agronômica devem ser preferidos pelos pecuaristas, pois a grande dificuldade de produzir uma silagem de milho está justamente neste período. A ensilagem per se (colheita, compactação e etc) é conhecida pelas fazendas zootécnicas e não traz grandes segredos.
Foto 1. Planta de milho atacada pela lagarta do cartucho.
Foto 2. Plantas de milho atacadas pela larva alfinete.
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