Em 03/07/2017 no site Canal Rural.
Os últimos dias tem sido de ventos favoráveis ao produtor de soja no Brasil. Em seis pregões, o contrato de agosto para a soja negociada na bolsa de Chicago acumulou ganhos de 6,8%. No Brasil, a diferença de preços também já foi sentida. Há regiões no Paraná com ganhos de até R$ 4 por saca no período. A mudança é explicada, basicamente, pelas perspectivas de tempo mais seco nos Estados Unidos e mudança na posição de fundos de investimentos, que voltaram às compras. A véspera do feriado americano desta terça-feira ajudou a intensificar a busca por soja, mas será uma tendência o movimento de alta de agora em diante?
Uma boa dica sobre a direção dos preços vem do clima. Dados da Somar Meteorologia apontam para previsão de temperaturas altas com poucas chuvas pelos próximos 15 dias no cinturão agrícola dos Estados Unidos. “Nos próximos cinco dias a previsão é de chuvas fracas e altas temperaturas. No próximo período é a mesma situação, há sobre o cinturão uma faixa com temperaturas mais altas cruzando de norte a sul a região. Tem bastante calor e pouca chuva prevista”, explica o meteorologista Willians Bini.
Para o analista de mercado da AgResource, Matheus Pereira, a alta nos preços ocorre pela perspectiva de clima desfavorável somada a mudanças no mercado financeiro.
“O mercado adicionou ganhos colocando prêmio climático baseado em mapas menos favoráveis para o cinturão nos próximos 10 a 15 dias. Fundos que trouxeram uma posição recorde nas vendas líquidas, na última sexta-feira, agora estão extremamente sensíveis à qualquer variação climática, adicionando compras e sustentando o mercado em novas altas”, explica.
Aqui no Brasil, os preços reagiram às mudanças na bolsa de Chicago. A soja negociada no Porto de Paranaguá saiu de R$ 69.00 para R$ 72 em seis dias de negócios. O preços na praça de Cascavel avançaram mais, de R$ 62 para R$ 66, de acordo com dados da consultoria Safras&Mercado.
“O produtor aproveitou para vender e está certo em aproveitar esse momento porque ele está atrasado com a comercialização. O dólar está estabilizado em R$ 3,30 então tem que aproveitar esse momento de alta, já que no mercado climático não tem nada que garanta que vá continuar em assim”, explica Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras&Mercado.
Se é uma tendência o preço continuar subindo, o sócio-diretor da AgRural, Fernando Muraro, alerta: ” Os fundos que estão em posição recorde vendida se veem em maus lençóis com calor nos EUA. Se é tendência de alta? Se não chover, sim. Agora é clima, clima e clima. Mas os fundos ainda estão muito vendidos”.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) vai publicar o próximo relatório de condições das lavouras apenas na quarta-feira, em razão do feriado. Para a AgResource a tendência de altas deve continuar. ” A gente espera que haja uma redução de 2% da safra de milho e soja considerada boa/excelente. Caso confirmado, juntamente com os atuais níveis de fundos vendidos e o atual prêmio climático que vem sendo adicionado, a CBOT poderá apresentar novos ganhos no curto-prazo”, acrescenta Matheus Pereira.
Lembrando que, quando os fundos estão vendidos é porque projetam quedas nos preços e quando estão comprados é porque projetam altas nas cotações. Ao que tudo indica, os ventos quentes que estão soprando nos Estados Unidos devem continuar a impactar os mercados enquanto houver sinais de estresse climático por lá.
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