quarta-feira, 26 de julho de 2017

Micotoxinas: o perigo invisível

Por ESALQLab - postado em 23/07/2017 em MilkPoint

Prof. Dr. Carlos H. Corasin
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos
USP

Aproximadamente 25% da produção de grãos em todo o mundo é afetada por micotoxinas, levando a perdas de bilhões de dólares. Embora as micotoxinas sejam encontradas em vários produtos agrícolas, as contaminações de grãos e silagens, desempenham um papel de destaque.

Alimentos mofados geralmente diminuem parâmetros de desempenho das vacas em 10%, mesmo que eles não produzam micotoxinas, pois a aceitação deste alimento pelos animais é menor, diminuindo o consumo de matéria seca, a produção de leite e ganho de peso corporal.

As micotoxinas mais importantes encontradas em ingredientes usados na alimentação animal abrangem as produzidas por fungos do gênero Aspergillus (aflatoxinas B1, B2, G1 e G2) e Fusarium (desoxinivalenol-DON ou vomitoxina, zearalenona e fumonisinas B1 e B2).

Quando as micotoxinas estão presentes na dieta, elas podem causar problemas, mesmo a níveis extremamente baixos de ingestão. Abaixo preparamos um infográfico com recomendações de níveis de atenção e crítico para três principais micotoxinas.



O declínio no desempenho pode até ser negligenciável, porém dentro de dias ou semanas, o efeito do consumo contínuo de micotoxinas sobre o desempenho (redução na produção de leite ou ganho de peso corporal) torna-se mais evidente. Sinais não específicos, incluindo redução no consumo, diminuição da produção de leite, distúrbios gastrointestinais, imunossupressão, aumento da contagem de células somáticas no leite, cetose e deslocamento de abomaso podem ser aumentados significativamente pela ingestão de micotoxinas.

Taxas de concepção reduzidas ou aborto também podem estar relacionados com o consumo de micotoxinas. Os efeitos das micotoxinas são ampliados pelo estresse da produção, sendo que animais confinados e de alta produção são mais susceptíveis aos efeitos das micotoxinas. Efeitos da toxicidade crônica também são caracterizados por lesões hepáticas, sinais de degeneração gordurosa, necrose e carcinomas no fígado, ocasionando também alterações na população dos microrganismos ruminais.

Além do impacto importante sobre a saúde e o desempenho de vacas leiteiras, a ingestão de uma ração contaminada com aflatoxina B1 leva à sua biotransformação em aflatoxina M1 (AFM1) que é excretada no leite, representando um grave risco para a saúde humana.

Cuidados de armazenamento e o gerenciamento de práticas agrícolas devem ser prioridades para evitar a presença de fungos indesejáveis e a produção de micotoxinas. Porém, mesmo com a aplicação de técnicas corretas, o processo de fermentação da silagem não irá destruir as micotoxinas se a contaminação já tiver ocorrido e, em alguns casos, este processo pode levar à concentração de toxinas nos grãos.

Análise de rotina para determinação da presença de micotoxinas em ingredientes de ração, principalmente de grãos e silagem de milho, é fundamental para o diagnóstico e controle do problema.

Juntos em prol do AGRO: A ESALQLab, plataforma de análises laboratoriais para o AGRO, do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP firmou parceria com o Laboratório de Microbiologia e Micotoxicologia de Alimentos (LMMA) da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP e passa a oferecer análises para quantificação de micotoxinas em alimentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário