quarta-feira, 5 de abril de 2017

Adubação fosfatada pode reduzir custeio da lavoura

Por Farmnews em 05/04/2017.

O Cerrado brasileiro é responsável atualmente pela maior parte das fibras e dos alimentos que o Brasil consome e exporta.
E um dos fatores determinantes para o sucesso da produção de grãos nessa região foi a adoção de tecnologias geradas pela pesquisa agropecuária nas últimas décadas relacionadas de maneira especial à adubação fosfatada.

Contudo, a eficiência da adubação fosfatada é considerada baixa, em função, principalmente, do manejo inadequado do solo e de problemas relacionados à adubação.

Especialistas calculam que os agricultores estejam depositando nos solos brasileiros cultivados com grãos 300 quilos de fósforo por hectare em excesso, o equivalente a 54 bilhões de reais acima daquilo que é recomendado para correção do solo.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados, Djalma Martinhão, especialista em fertilidade de solos, a diminuição desse gasto pelo produtor terá um impacto bastante positivo no custo da lavoura, na medida em que o que se gasta com fósforo representa 20% do valor do custeio.
Esse tema se torna ainda mais importante, pois tem se observado nos últimos anos uma alta nos preços dos fertilizantes fosfatados.
“Enquanto o calcário custa 50 reais a tonelada, o fertilizante fosfatado custa 1500 reais. São 30 vezes mais”, enfatiza o pesquisador. Além disso, as reservas de rochas fosfáticas no mundo são finitas e possuem uma duração estimada de cerca de 300 anos.
“Nos últimos 30 anos, a média de eficiência nas 18 principais culturas agrícolas tem sido de apenas 52%. Nosso objetivo é trabalhar para que esses valores atinjam 90%”, afirmou Martinhão.
Se a estimativa é de que 65% dos solos no Brasil, em condições naturais, sejam altamente deficientes em fósforo (P), no Cerrado essa porcentagem é ainda maior, sendo impossível produzir nessa região sem adubação fosfatada.

“O manejo adequado da adubação fosfatada associado a tecnologias de plantio direto, rotação de culturas e sistemas de integração irá proporcionar ganhos necessários para a sustentabilidade agropecuária”, afirmou Rafael Nunes.

Mas, afinal, como o produtor deve manejar o solo a fim de aumentar a eficiência do uso de fertilizantes fosfatados?
Segundo os especialistas, muitas áreas apresentam fósforo sobrando no solo, e é possível utilizar de forma técnica e econômica esse fósforo acumulado. “Existem técnicas para isso e a resposta está no manejo adequado do solo, dentro do conceito de fertilidade integral.
Temos que olhar a física, química e biologia do solo, ou seja, a vida do solo como um todo. É o único jeito de conseguir alcançar esse nosso objetivo que é trabalhar com maior eficiência”, afirmou o pesquisador Rafael Nunes.
Segundo ele, as técnicas que existem muitas vezes são até muito divulgadas, mas pouco praticadas da maneira correta pelos agricultores. É o caso da calagem, por exemplo, que corrige a camada superficial do solo. “O uso do calcário favorece a eficiência do fertilizante fosfatado.
Outro ponto importante é a questão dos critérios de recomendação. Na opinião do pesquisador se faz necessário o aprimoramento constante de recomendação da adubação fosfatada, com enfoque em práticas que promovam maior eficiência do uso de fósforo.
As últimas tabelas lançadas inclusive já consideram o teor de fósforo orgânico no solo. “O produtor pode ficar até 10 anos sem adubar o solo com fósforo e ele (fósforo) aumentar. Isso ocorre pois, às vezes, o maior supridor de fósforo para as plantas nessas condições é o fósforo orgânico”, explica o especialista.
Outra forma de aumentar a eficiência dos fertilizantes fosfatados é valorizar a amostragem do solo. “Se os resultados não são adequados, tudo pode ficar comprometido”.
Práticas adequadas de aplicação do fósforo no solo também merecem ser destacadas quando o assunto é eficiência. “A forma usual de aplicação do fósforo é no sulco de plantio. Porém, os resultados de pesquisas demonstram a viabilidade da aplicação a lanço, quando já foi feita a adubação corretiva, com vantagens operacionais de plantio”, explica o pesquisador Djalma Martinhão.
Com relação às fontes de fósforo, o pesquisador observou que fontes de menor solubilidade, como o fosfato natural reativo, são uma possibilidade interessante, principalmente para adubação corretiva, embora a comercialização no Brasil seja limitada.
Juliana Caldas e Liliane Castelôes – Embrapa Cerrados – 

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