terça-feira, 21 de março de 2017

"Carne bovina tem pago um preço que não é dela"

Mesmo sem estar diretamente na mira das investigações, proteína vermelha tem sido a principal afetada em operação da PF, destaca analista

Alisson Freitas
20 de março de 2017 - 18:46 em site Portal DBO
Deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira, 17 de março, a Operação Carne Fraca tem causado um grande furor no mercado. As investigações envolvem o esquema de corrupção de fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura e empresários do setor, além do uso de substâncias em carnes processadas.
Para Lygia Pimentel, da Agrifatto, mesmo não sendo alvo das investigações, a cadeia produtiva da bovinocultura de corte tem sido a principal prejudicada. “As denúncias envolvem apenas carne processada e de aves, mas quem tem pago o preço é a carne bovina, que não tem nada a ver com isso. Não tem como fazer esse tipo de alterações com a carne in natura, que é o principal produto vendido pelo Brasil”.
A analista destaca também que a divulgação de informações precipitadas tem ajudado a criar uma tempestade fictícia. “Existem poucas informações oficiais. Quase tudo que está sendo propagado são especulações, vindas de fora do setor. Ainda bem que algumas delas já foram desmentidas”, disse Lygia, citando o caso do uso do papelão no processamento de carne.
Imagem do setor –  Embora destaque que ainda é cedo para prever como as investigações irão impactar o comportamento do mercado interno, José Vicente Ferraz, da Informa FNP, adianta que a expectativa é que o consumo reduza ainda mais. “Desde que a operação foi divulgada os frigoríficos pararam de comprar, pois esperam encontrar um consumidor acuado”.
Após os esclarecimentos, o analista acredita que o consumo interno deve ter uma leve alta, “mas nada fora do que já era esperado para esse ano”. Ferraz afirma que  não é possível avaliar quanto tempo isso irá demorar para acontecer.
No mercado externo, a situação pode ser um pouco mais complicada. Desde que a operação foi deflagrada, foi divulgado que China, Chile, Coreia do Sul e União Europeia suspenderam a importação de carnes do Brasil até que o governo preste os devidos esclarecimentos. Dos mercados citados, o Mapa confirmou apenas a barreira temporária da China. Os demais ainda são especulações.
“Juntos, esses mercados representam 15% das exportações de carne bovina in natura do Brasil”, calculou Lygia Pimentel. No entanto, a analista acredita que quando o governo explicar a situação, os países devem retirar a barreira imediatamente.
Já José Vicente Ferraz ainda prevê que o ocorrido deixará algumas feridas para os exportadores brasileiros. “Mesmo com tudo resolvido, o país ainda deve demorar um bom tempo para apagar essa imagem. Infelizmente uma notícia negativa causa um impacto bem maior do que várias positivas”, concluiu.
Fonte: Portal DBO

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