segunda-feira, 20 de março de 2017

PF pode ter cometido falhas, mas o estrago já está feito

POR BRUNO BLECHER
19 de Março de 2017 no site Globo Rural.



As operações da Polícia Federal geralmente são espetaculares, às vezes mais espetaculares do que deveriam ser. Faz parte do jogo. No caso da carne, se comprovada as fraudes, a mega operação da última sexta-feira foi justificável.
Afinal não se trata de crime contra o contribuinte, como as denúncias de corrupção, mas graves à saúde dos consumidores no Brasil e no exterior, inclusive de crianças. A grande questão é saber se as fraudes de fato ocorreram como foi relatado pela PF.

ação cinematográfica da PF deixou não só as empresas envolvidas como também o Ministério da Agricultura na defensiva. Ninguém sabia a extensão da coisa e o que a PF tinha no bolso do colete. Agora, a gente começa a ver as falhas desta investigação. E perceber que a coisa pode ter sido menor do que a PF pintou.

Se a PF já investigava os frigoríficos havia dois anos por quê não cortou o mal pela raiz, iniciando esta ação quando teve conhecimento das fraudes?O problema é  que o estrago está feito. E o prejuízo será de bilhões de reais (talvez dólares), com efeito dominó - frigoríficos, pecuaristas, produtores de grãos, empresas de insumos, fabricantes de máquinas. A cadeia da carne vai da fazenda ao prato, envolvendo, inclusive, restaurantes e supermercados.

Por quê não prendeu os fiscais corruptos e os funcionários de frigoríficos, que maquiaram e venderam carne, antes que o produto estragado fosse consumido pelas pessoas, inclusive por crianças nas merendas das escolas?
Por quê não fechou antes os frigoríficos contaminados por salmonella, bactéria que pode até matar, deixando que a carne de frango estragada chegasse aos supermercados brasileiros ou fosse embarcada para o exterior ?
Por quê esperou tanto tempo para agir e prender os suspeitos?
Por quê não agiu pontualmente, em vez de concentrar em um só dia a mega operação policial, que pode destruir a reputação da carne brasileira aqui e no exterior, com reflexos numa ampla cadeia produtiva?

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