segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Caso de sucesso em Integração Lavoura-Pecuária em solos arenosos é retratado em publicação

 Por Breno Lobato com a colaboração de Luiz Adriano Cordeiro em 13/11/2020 no site Rede ILPF


A adoção dos sistemas de integração, em especial a Integração Lavoura-Pecuária (ILP), é uma alternativa de manejo sustentável de solos arenosos (com baixos teores de argila) no ambiente tropical e traz inúmeros benefícios, constituindo um modelo de intensificação sustentável do uso da terra. Quando associada ao Sistema Plantio Direto, a ILP é uma das formas mais eficientes de manejo sustentável de solos arenosos. Para comprovar esse conhecimento na prática, a Embrapa Cerrados (DF) elaborou o documento “Integração Lavoura-Pecuária (ILP) em Solos Arenosos: Estudo de Caso da Fazenda Campina no Oeste Paulista”, disponível para download.

A publicação é fruto da parceria do centro de pesquisa com a Fazenda Campina, em Caiuá (SP), do produtor Carlos Viacava, e com instituições como a Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), a cooperativa Cocamar e a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Pecuarista há décadas, Viacava é uma referência nacional no melhoramento genético de bovinos da raça Nelore Mocho.

O pesquisador Luiz Adriano Cordeiro, um dos autores documento, afirma que a publicação é emblemática. “A Fazenda Campina era uma típica propriedade de pecuária, que até meados de 2012 se dedicava exclusivamente à produção de bovinos. Em 2013, passou a adotar com sucesso a ILP com diversificação de culturas agrícolas, atingindo resultados excepcionais na pecuária”, explica, destacando que o solo da propriedade tem baixo teor de argila – apenas 11% em média.

Apesar de ter uma produtividade animal adequada, a Fazenda Campina era onerada pelo elevado custo de produção, com grande investimento em adubação de pastagens e o uso de um volume significativo de ração animal, suplementação mineral e silagem. “Há oito anos, recebemos a visita do João K (João Kluthcouski, pesquisador aposentado da Embrapa Cerrados), que nos convenceu a ingressar no projeto de adoção da Integração Lavoura-Pecuária. Não precisou de mais que uma manhã para ele nos motivar a buscar um novo caminho para nosso trabalho com a pecuária seletiva”, lembra Carlos Viacava. 

A Fazenda Campina adota atualmente um arranjo de ILP com dois anos de agricultura e dois anos de pecuária. No primeiro ano, a soja é cultivada na safra e o milho para silagem na safrinha, consorciado com forrageiras (principalmente a braquiária da espécie Brachiaria ruziziensis), que são pastejadas no período de outono-inverno. No segundo ano, repete-se o cultivo da soja na safra e do milho para silagem consorciado com B. brizantha, com a pastagem permanecendo nos dois anos subsequentes.

Gerente da propriedade, o zootecnista Juliano Roberto da Silva, também um dos autores da obra, conta que o maior desafio inicial era a questão operacional – realizar agricultura em uma fazenda de pecuária. “O manejo de dessecação das pastagens, a correção de solo, o ajuste e a regulagem de plantadeiras para proceder o plantio direto de soja em áreas de pastagens estabelecidas há mais de 10 anos e, ainda por cima, em solos arenosos, eram muito preocupantes... Mas com o passar das safras e, com os investimentos adequados e o treinamento das equipes de campo, esses desafios foram vencidos e hoje a agricultura é uma rotina na Fazenda Campina”, afirma.

Produtividades crescentes

A publicação detalha como a adoção da ILP na Fazenda Campina proporcionou uma evolução positiva e significativa tanto da produtividade vegetal como da produtividade animal, com a melhoria da qualidade do solo, a diversificação do negócio e a viabilidade da atividade agropecuária na propriedade. 

A produtividade de milho para a produção de silagem de planta inteira, que na safra 2013/2014 havia sido de 37,2 t/ha, aumentou nas safras seguintes, chegando à produtividade média de silagem de 47,5 t/ha na safra 2016/2017. Também foi observada uma evolução crescente nas produtividades de soja em sistemas de ILP, partindo de 28,4 sc/ha na safra 2013/2014 para 59,14 sc/ha na safra 2017/2018. 

O pesquisador Sebastião Pedro da Silva Neto explica que para a viabilização da adoção da ILP é necessária a utilização da cultura da soja em rotação com as pastagens e outras culturas. “O Oeste Paulista tem duas peculiaridades: solos arenosos e períodos de longos veranicos, que aumentam o risco agrícola. Por isso, é necessária a adoção de diferentes estratégias, como a utilização de cultivares de soja com sistema radicular profundo e alto potencial de recuperação de estresse hídrico”, diz, citando como alternativa para esta condição a cultivar BRS 5980IPRO, da Embrapa.

Outra estratégia apontada por Sebastião Pedro é o uso da soja convencional ou não-transgênica. “Ela é mais valorizada no mercado e pode aumentar a receita e reduzir a despesa da lavoura de soja, elevando a margem operacional e minimizando o risco, proporcionando mais sustentabilidade econômica à ILP na região do Oeste Paulista” explica o pesquisador.

Uso da terra mais eficiente

Após a adoção da ILP, a Fazenda Campina também aumentou a eficiência do uso da terra. Quando se compara o ano-base de 2012/2013 com a safra 2016/2017, a área de pastagem destinada à produção animal foi reduzida em 52,2% e a taxa de lotação animal cresceu 54,6%, passando de 1,3 para 2,0 UA*/ha. Na safra seguinte, taxa de lotação chegou a 2,3 UA/ha, com redução da área de pastagem para 1.273 ha em 2018.

Os índices zootécnicos levantados na propriedade também mostram evolução significativa. Na safra 2017/2018, observou-se ganho de peso vivo diário (média anual) de 469 g/animal/dia, produtividade animal de 16 @/ha e taxa de desfrute de 43,5%. “Com melhor nutrição nos pastos formados após a lavoura na ILP, foi possível atingir maior peso à desmama, tanto de machos como de fêmeas. E as novilhas, que antes eram expostas à estação de monta com idade próxima de 24 meses, passaram a ser submetidas à reprodução aos 12 meses de idade”, diz Luiz Adriano Cordeiro.

O gerente Juliano Roberto da Silva também comemora os resultados. “Juntando os anos de seleção genética e um moderno sistema nutricional, com produção de volumoso de alta qualidade, nossos índices zootécnicos foram extraordinários, com altos desempenhos no ganho de peso, precocidade e fertilidade do rebanho a pasto. Mas isso só foi possível graças a nossa parceria com a Embrapa”.

Um dos efeitos mais evidentes da adoção da ILP na Fazenda Campina é o prolongamento da produtividade de pastos, mesmo durante a estação seca. Com pastagens viáveis em plena seca, é possível aumentar a produtividade animal e ainda reduzir custos. “Hoje, como o João K prometia, duplicamos o faturamento, diversificamos culturas e as fontes de receita, e aumentamos o rebanho com menor área de pasto”, aponta Viacava.

Para Juliano Roberto da Silva, a ILP é uma ferramenta sem volta no sistema de produção da fazenda. “A lavoura praticamente subsidia a pecuária nos quesitos de grande disponibilidade de forragens de excelente qualidade, permitindo um ótimo desempenho animal de bovinos criados e recriados a pasto”. Ele complementa: “Este é o boi de capim formado com agricultura”.

 

Transferência de tecnologia

A Fazenda Campina se tornou uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) de ILP, passando a sediar diversas ações de transferência de tecnologia promovidas pela parceria com  a Associação Rede ILPF para ampliar a adoção da ILP em solos arenosos. 

Desde 2014, são realizados anualmente dias de campo que abordam diversos aspectos da ILP na propriedade. Em paralelo aos dias de campo, é realizada uma reunião técnica de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) na Unoeste, em Presidente Prudente (SP), sob a coordenação do professor Edemar Moro.

Acesse também a página temática sobre ILPF da Embrapa.

*Unidade Animal (UA) é uma unidade de referência usada para estimar a carga animal ou a lotação de uma pastagem. Corresponde a um animal com 450 kg de peso vivo.

domingo, 1 de novembro de 2020

Preços do bezerro e da arroba do boi terminado seguem batendo recordes

 


Foto: Lorran Lima/Idaf

A baixa oferta de gado de reposição tem feito com que os preços batam recordes reais este ano. Conforme relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), na parcial de outubro do indicador Cepea o bezerro negociado em Mato Grosso do Sul registra média de quase R$ 2,3 mil, valor 26% superior ao preço de janeiro, em termos reais, a preços desta quarta-feira (28/10).

“Trata-se da alta mais intensa para esse período desde 2014, quando uma forte seca prejudicou a produção pecuária nacional e resultou na valorização de 23,4% no preço do gado de reposição”, observa o centro de estudos.

Além da quantidade limitada de animais de reposição, a demanda está aquecida, por causa dos valores recordes do boi gordo. “Agentes do mercado consultados pelo Cepea acreditam que o movimento de avanço nos valores da reposição deve seguir firme, fundamentados no baixo volume de chuva nos últimos meses, que tende a atrasar a estação de monta”, observa o relatório.

A demanda está aquecida desde o segundo semestre do ano passado, quando a China reforçou as compras de carne bovina do Brasil. “Este contexto fez com que frigoríficos intensificassem as compras de novos lotes para abate, o que, consequentemente, aqueceu a demanda de pecuaristas recriadores e terminadores por animais de reposição.”

A arroba do boi gordo, por sua vez, também tem batido recordes por causa da escassez de animais terminados e da demanda exportadora, segundo o Cepea. Nesta semana, o Indicador do boi gordo Cepea/B3 chegou à casa dos R$ 270 por arroba, atingindo, portanto, novo recorde real diário da série histórica do Cepea, iniciada em 1994 (os valores diários foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020).

Na terça-feira, 27, o indicador fechou a R$ 274,70, superando o recorde real anterior, de R$ 269,87, que havia sido observado em 29 de novembro de 2019 (naquela data, o valor nominal do boi foi de R$ 231,35). Na parcial de outubro, o Indicador registra avanço de 7%. Hoje, porém, o preço recuou 2,15%, para R$ 268,80. A carne também tem subido de preço no mercado atacadista da Grande São Paulo, tendo sido negociada a R$ 17,75 o quilo à vista na terça-feira, alta de 6,73% na parcial de outubro.

domingo, 4 de outubro de 2020

Proibição do paraquat deve impactar agro brasileiro em R$ 27 bilhões

 Por Canal Rural em 02/10/2020


Valtra, pulverizador, defensivos agrícolas, agrotóxico, agroquímico, glifosato

Foto: Valtra/ Divulgação

Um estudo encomendado pelo Instituto Pensar Agro ao MB Agro avalia quais os efeitos imediatos da suspensão do uso do paraquat na agricultura. A análise aponta que, considerando culturas soja, milho, algodão, feijão, café e arroz, a proibição feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 22 de setembro, pode afetar a viabilização do plantio direto no Brasil. 

Segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira (MDB-RS), o defensivo aumenta a produtividade da agricultura, reduz o custo de produção para o produtor rural e preserva o meio ambiente. “Além de cuidar da lavoura, promover um alimento seguro e acessível à toda sociedade, o defensivo agrícola aumenta entre 50% e 85% o teor de matéria orgânica do solo e garante sustentabilidade. Como resultado se obtém redução de erosões, aumento de fertilidade da terra e se evita o assoreamento de rios”, disse.

Segundo a própria entidade parlamentar, o plantio direto é a forma mais natural de cultivar a terra, tornando possível a existência de até três safras por ano na mesma área e com menos prejuízos ao meio ambiente. De acordo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nessa atividade a semente é colocada no solo em cima dos restos da lavoura anterior. Com a palhada, o terreno fica protegido da erosão e recupera a fertilidade. Atualmente, o sistema já ocupa 32 milhões de hectares: cerca de 70% das lavouras de grãos cultivadas no país. 

E é neste tipo de cultura que entra a tecnologia do paraquat, capaz de manter o plantio direto com base no controle de ervas daninhas e na redução do uso de maquinário agrícolas.

O estudo aponta que a proibição do produto pode resultar na redução de R$ 27 bilhões no valor bruto da produção agrícola no país, com perda de 2 milhões de empregos. Além disso, existe a perspectiva de perda de competitividade dos produtos brasileiros a partir do aumento do custo de produção em R$ 407 milhões para o produtor rural.

“A exclusão permite o aumento de preços dos alimentos, com consequente elevação da inflação e risco de desabastecimento alimentar, aumento do número de aplicações de herbicidas e a necessidade de uso de dois ou mais produtos para obter resultado semelhante ao do paraquat, com danos ao solo por inviabilizar o plantio direto,” diz o estudo.

Haverá ainda, conforme o estudo, limitação à utilização de transgênicos tolerantes ao glifosato, como no algodão, no milho e na soja. O banimento do herbicida, segundo o estudo, levará à intensificação do uso de glifosato, acelerando o surgimento de mais e mais plantas daninhas resistentes, além das oito espécies já resistentes no Brasil. 

Atraso de safras

Uma das grandes preocupações é a diminuição nas janelas de plantio, j[a que prejuízos à intensidade da agricultura e na produtividade pode acarretar atrasos na velocidade de plantio anuais (soja, algodão, milho), com impacto negativo à produtividade e aumento dos riscos climáticos de culturas como o milho safrinha, por exemplo.

Segundo a Embrapa, isso decorre pelo fato do paraquat ser um defensivo agrícola de ação muito rápida, matando as plantas daninhas em poucos dias (2-5 dias), o que viabiliza plantios mais rápidos dentro das épocas recomendadas. 

Quem usa?

Produzido, comercializado e utilizado de forma segura em mais de 88 países, inclusive nos maiores mercados agrícolas competidores sob os sistemas regulatórios mais exigentes como os dos EUA, Canadá, Austrália, Japão e Nova Zelândia, o herbicida promove a continuidade de um processo ambientalmente responsável e de grande ganho para o meio ambiente, para agricultura e para o país. Segundo a FPA, a utilização de Equipamento de Proteção Individual (EPI) na aplicação do produto traz segurança para o alimento e para a saúde humana.

Tentativa de reversão

A proibição da comercialização do produto já foi definida, mas no senado corre um Projeto de Decreto Legislativo de autoria do senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), vice-presidente da FPA no Senado, para sustar resolução da Anvisa que veda o uso do herbicida.

Na apresentação da proposta realizada último dia 28, Heinze afirma que com o parecer final da Anvisa, o setor agropecuário depara-se com a possibilidade de perda de uma das “ferramentas mais importantes para o cultivo” de várias das principais culturas, como a soja, cana-de-açúcar, milho, algodão e trigo, responsáveis pela competitividade brasileira no mercado internacional de commodities. A medida aguarda votação em Plenário.

O senador afirma também que a proibição do paraquat vai encarecer os produtos e diminuir a competitividade do agronegócio nacional. Segundo Heinze, o território brasileiro, diferentemente de territórios em regiões de clima temperado, oferece obstáculos maiores para a produção agrícola, com “clima aquecido, chuvas irregulares e ampla variedade de insetos, fungos e plantas daninhas”, que justificaria o uso de herbicidas. 

Outro estudo

Um estudo da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (USP), diz que o paraquat é, sem dúvida, um produto fundamental para a manutenção deste sistema agrícola de sucesso da agricultura do Brasil e notifica em seu estudo que “limitar esta opção é admitir um retrocesso na evolução do sistema agrícola brasileiro que, para manter a posição de liderança, precisa não apenas lançar mão do uso eficiente das tecnologias existentes, como também de inovações tecnológicas para o futuro”.

Riscos à saúde?

A FPA comenta ainda que, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental Norte Americana (EPA), não existem evidências que associem o produto com efeitos mutagênicos ou evidências suficientes para concluir que exista uma relação de causa e efeito entre a exposição ao herbicida e doenças em seres humanos.

O deputado Luiz Nishimori (PL-PR) explica que a utilização de paraquat, quando realizada de acordo com as instruções e precauções estabelecidas na regulamentação e descritas na bula do produto, “é segura e não traz riscos de intoxicação ao trabalhador, ao ambiente, ou aos consumidores finais de produtos agrícolas.”

Na Câmara, uma proposta similar ao do Senado tramita para sustar a resolução da Anvisa que veda uso do herbicida no Brasil, o PDL 310/2020. Autor da medida, Nishimori disse que as mudanças na legislação são mais do que necessárias para que o Brasil não sofra com perda de competitividade e a população não pague a conta no aumento do preço dos alimentos.

Em suas redes sociais, a Frente Parlamentar da Agropecuária também divulgou um vídeo explicando quais os eventuais efeitos da proibição do herbicida. Confira:

domingo, 20 de setembro de 2020

Comentários sobre tese de Doutorado

 Por José Eduardo Alayon em 20/09/20

ABIDES

                Trabalho muito interessante sobre a ILP (Integração Lavoura Pecuária) na tese de Doutorado  (CIRÍACO, 2020) o autor pesquisou sobre um tema muito em voga na atualidade que é a Integração Lavoura Pecuária. Este já é um tema e uma prática adotada a décadas no Brasil e principalmente pelos profissionais das ciências agrárias. O importante é o aumento das pesquisas e divulgações dos resultados excepcionais desta prática.

            Já na década de 80, no início de minha vida profissional como zootecnista, já utilizei a integração na fazenda que fui administrar no centro de Goiás, hoje norte do estado. A técnica utilizada era o plantio de arroz de sequeiro consorciado com capim e também fizemos uma lavoura de milho com capim.

            O trabalho foi desenvolvido no estado de Rondônia e vale a leitura que chega a conclusão dos benefícios da ILP e neste caso com o uso do milho consorciado com uma leguminosa e um capim.

                Segue o link para a tese completa:

https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/193356/cir%C3%ADaco_ap_dr_ilha.pdf?sequence=3

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CIRÍACO, A. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE ENGENHARIA CÂMPUS DE ILHA SOLTEIRA ABÍLIO DA PAIXÃO CIRÍACO PRODUTIVIDADE DO MILHO E DE FORRAGEIRAS LEGUMINOSAS E QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO CAPIM-MARANDU CULTIVADOS EM SISTEMA DE INT. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/193356/ciríaco_ap_dr_ilha.pdf?sequence=3>. Acesso em: 20 set. 2020.

domingo, 28 de junho de 2020

Falta de “bois de pasto e de milho” faz arroba subir a ladeira

Por Denis Cardoso em 26/06/2020 no site Portal DBO


Em apenas sete dias, o preço do boi gordo em São Paulo saltou de R$ 212/@ (em 19/6) para R$ 218/@ (26/6), (valores a prazo), um avanço de R$ 6/@, segundo dados da Informa Economics FNP. Em Cuiabá, MT, no mesmo intervalo de comparação, a cotação do animal terminado saiu do patamar de R$ 180/@ para R$ 187/@, à vista. Em Dourados, MS, o preço à vista pulou de R$ 195/@ para R$ 207/@.

Segundo a FNP, nesta sexta-feira, em São Paulo, algumas plantas conseguiram fechar novos carregamentos para abate ainda na próxima segunda-feira. No Centro-Oeste, os frigoríficos exportadores atuaram de forma ativa no mercado, na tentativa de preencher escalas que avançam com bastante dificuldade. Em Mato Grosso do Sul, observa a FNP, os pecuaristas são beneficiados pela atuação de indústrias paulistas e conseguiram vender a boiada por valores mais altos neste último dia da semana. No Mato Grosso, a arroba também se valorizou devido à dificuldade de aquisições de novos lotes e à procura acentuada para abates com destino ao mercado internacional.

No Nordeste, os preços do boi gordo seguiram firmes e com novos ajustes positivos no Maranhão e na Bahia. Nos dois Estados, relata a FNP, a oferta de gado restrita tem limitado a liquidez de negócios e novas aquisições só são realizadas mediante elevação dos valores oferecidos pela arroba.

No Pará, as cotações seguiram lateralizadas, porém firmes, sustentados pela baixa disponibilidade de animais. Frigoríficos do Estado que atendem ao mercado interno alegam operar com margens apertadas, em função dos altos custos da boiada gorda e dificuldade de repasse dos custos para os preços da carne, de acordo com a FNP.

Atacado em alta

No atacado, os principais cortes bovinos se valorizaram nesta sexta-feira, informa a FNP. Como observado ao longo da semana, a produção reduzida nos frigoríficos, em função da dificuldade em adquirir boiadas, somada aos bons volumes exportados, tem diminuído a oferta da carne no mercado interno, emplacando certa pressão altista nos preços.

Segundo previsão da FNP, a demanda doméstica deve reagir ao longo da próxima semana, quando parte dos consumidores recebem a massa salarial na virada do mês, abrindo margem para novos ajustes positivos nas cotações das proteínas.

Falta “boi de pasto” e também “boi de milho”

A pressão altista no mercado do boi gordo se deve à escassez de oferta provocada pelo esgotamento de animais terminados à pasto e pelo atraso na entrada de carregamentos oriundos do primeiro giro de confinamento.

“Muitos pecuaristas se sentiram desestimulados a planejar a compra de lotes para terminação no coxo no final do primeiro trimestre de 2020, quando o setor de bovinocultura de corte ainda vivia um momento de grande incerteza acerca da crise do Covid-19”, relata a consultoria FNP. A menor disponibilidade de animais, por sua vez, tem sido confirmada por dados oficiais sobre abate.

Nesta semana, os ajustes positivos do boi gordo foram registrados de forma generalizada no Brasil, mas de forma mais intensa em regiões com maior representatividade nos embarques ao mercado externo. O vácuo mais expressivo de falta de boi deve permanecer até meados de julho, prevê a FNP.

Depois desse período, relata a consultoria, o mercado deve dispor de uma aparente melhora com a entrada dos primeiros lotes de gado confinado. “Porém, a oferta também não deve ser suficiente para desencadear quedas acentuadas nas cotações da boiada gorda, já que as expectativas apontam para um menor volume de lotes confinados neste ano, devido aos elevados preços de gado para reposição e maiores gastos com alimentação animal”, observa a FNP.

Crise financeira

No curto prazo, no entanto, um dos impactos da recessão econômica causada pela pandemia da Covid-19 deve ser a migração dos consumidores para proteínas com preços mais baratos, com o frango e ovos. A demanda pela carne bovina, alerta a FNP, que tem maior valor agregado, pode sofrer uma diminuição, prejudicando a margem dos frigoríficos em função da maior dificuldade em repassar os altos custos com a matéria prima para os preços dos cortes.

De modo geral, porém, o setor ainda será amparado pelo firme desempenho das exportações brasileiras de carne. Nas primeiras três semanas de junho, os embarques mantiveram o ritmo acelerado registrado no mês de maio e os envios de carne bovina “in natura” cresceram 27% em volume diário em junho deste ano em relação ao mesmo período de 2019.

Confira as cotações desta sexta-feira, 26 de junho, de acordo com a FNP:

SP-Noroeste: R$ 218/@ a (prazo)

MS-Dourados: R$ 207/@ (à vista)

MS-C. Grande: R$ 208/@ (prazo)

MS-Três Lagoas: R$ 208/@ (prazo)

MT-Cáceres: R$ 189/@ (prazo)

MT-Tangará: R$ 190/@ (prazo)

MT-B. Garças: R$ 191/@ (prazo)

MT-Cuiabá: R$ 187/@ (à vista)

MT-Colíder: R$ 182/@ (à vista)

GO-Goiânia: R$ 205/@ (prazo)

GO-Sul: R$ 203/@ (prazo)

PR-Maringá: R$ 207/@ (à vista)

MG-Triângulo: R$ 204/@ (prazo)

MG-B.H.: R$ 206/@ (prazo)

BA-F. Santana: R$ 208/@ (à vista)

RS-P.Alegre: R$ 205/@ (à vista)

RS-Fronteira: R$ 204/@ (à vista)

PA-Marabá: R$ 202/@ (prazo)

PA-Redenção: R$ 204/@ (prazo)

PA-Paragominas: R$ 204/@ (prazo)

TO-Araguaína: R$ 201/@ (prazo)

TO-Gurupi: R$ 199/@ (à vista)

RO-Cacoal: R$ 184/@ (à vista)

RJ-Campos: R$ 197/@ (prazo)

MA-Açailândia: R$ 200/@ (à vista)

domingo, 7 de junho de 2020

Boi gordo começa junho acelerado

Por Denis Cardoso em 05/06/2020 no site Portal DBO

Como Investir em Boi Gordo na Bolsa de Valores - Os Melhores ...

Em um momento de baixíssima a oferta de animais no País, a agressividade das exportações de carne bovina tem enxugado ainda mais a disponibilidade de boiada no mercado interno, o que tem contribuído para o avanço consistente da arroba nas principais regiões pecuárias.
Os prêmios oferecidos pelo chamado “boi-China” ajudam ainda mais a fortalecer os preços das boiadas que atendem aos padrões exigidos pelos importadores chineses. Segundo dados apurados pela Informa Economics FNP, os valores do gado enviado ao mercado chinês giram atualmente em torno de R$ 5/@ até R$ 10/@ e são praticados principalmente nas praças do Centro-Oeste.
Ao longo desta semana, houve relatos de que os importadores chineses tentavam renegociar os valores pagos pela carne brasileira diante da queda do dólar, relata a FNP. No entanto, mesmo assim, os frigoríficos exportadores ainda registram margens de vendas bastantes atrativas, tanto pelo atual patamar do dólar (ainda acima de R$ 5) quanto pelos preços da carne no mercado internacional.
O preço médio em dólar obtido com a venda de uma tonelada de carne bovina in natura em maio último ficou 55,66% acima da cotação média registrada em maio de 2019, compara a FNP.
Mercado doméstico
Em relação à demanda interna por carne bovina, os impactos da crise econômica decorrente da pandemia da Covid19, como diminuição de salários e aumento do desemprego, se refletem na busca por proteínas mais baratas e, consequentemente, na redução da procura pelo produto. “Entre os cortes de boi, também tem sido observado uma busca maior pelas peças do dianteiro em detrimento dos cortes oriundos do traseiro, considerados mais nobre”, observa a FNP, acrescentando que, “embora a virada do mês tenha promovido uma certa reação no instável consumo doméstico, ainda são incertas as consequências de médio prazo no comportamento do consumo”.
Retenção de fêmeas e falta de machos
Na maioria das praças pecuárias brasileiras, o boi gordo abriu junho com preços em alta, sustentados principalmente pela baixa oferta de gado terminado no País. Mesmo com o avanço do tempo seco e frio no Brasil, relata a FNP, os pecuaristas não dispõem de grande quantidade de animais prontos para ofertar.
Além disso, continua a consultoria, os produtores buscam maneiras de segurar mais os lotes de fêmeas nas fazendas, visando a reposição do rebanho frente aos altos custos com o gado magro. Esses dois fatores, além do aquecimento das exportações, têm complicado a vida dos frigoríficos, que têm dificuldade para comprara a matéria prima e, com isso, acabam oferecendo valores mais altos pela boiada disponível e, assim, conseguir cumprir os compromissos de abate, acrescenta a FNP.
Preços regionais
Nas principais praças pecuárias pesquisadas, o preço da boiada gorda subiu ao longo desta primeira semana de junho. Em São Paulo, a demanda por animais que atendem aos requisitos internacionais segue elevada, mantendo as cotações em patamares firmes e elevados. Segundo dados da FNP, as praças paulistas pagam hoje R$ 207/@ pelo boi a prazo, uma elevação R$ 2/@ frente ao valor registrado na sexta-feira da semana passada (29 de maio). “O Estado de São Paulo tem sido beneficiado pela firme demanda dos frigoríficos exportadores, que estão atuando ativamente nas compras de gado no mercado local”, ressalta a FNP.
No Mato Grosso, apesar da baixa liquidez de negócios, os preços da boiada gorda seguem fortalecidos e registraram altas nesta sexta-feira (veja abaixo lista de cotações nas principais praças pecuárias do País). Segundo a FNP, a oferta de animais terminados no MT não é suficiente para atender a demanda vigente dos frigoríficos, principalmente exportadores, que prevalecem como principais atuantes nas compras.
No Rio de Janeiro, a arroba do boi gordo também se valorizou nesta sexta-feira diante da dificuldade de compra de matéria prima por parte das indústrias.
No Paraná, os preços da boiada gorda também registraram novas altas no último dia desta semana. A atuação ativa de parceiros comerciais, como Israel, nas compras da carne brasileira, aumentou a necessidade de produção dos frigoríficos do Paraná, que atuaram firmemente nas compras, pagando mais caro pelos animais terminados, destaca a FNP.
No Maranhão, os poucos negócios reportados foram efetivados a valores mais elevados nesta sexta-feira. Na região, os pastos dispõem de boa quantidade de massa verde, em função das chuvas regulares, e os pecuaristas conseguem especular valores firmes pela boiada gorda.
Confira as cotações desta sexta-feira,  5 de junho, de acordo com a FNP:
SP-Noroeste: R$ 207/@ a (prazo)
MS-Dourados: R$ 183/@ (à vista)
MS-C. Grande: R$ 185/@ (prazo)
MS-Três Lagoas: R$ 185/@ (prazo)
MT-Cáceres: R$ 177/@ (prazo)
MT-Tangará: R$ 177/@ (prazo)
MT-B. Garças: R$ 175/@ (prazo)
MT-Cuiabá: R$ 174/@ (à vista)
MT-Colíder: R$ 171/@ (à vista)
GO-Goiânia: R$ 186/@ (prazo)
GO-Sul: R$ 186/@ (prazo)
PR-Maringá: R$ 187/@ (à vista)
MG-Triângulo: R$ 194/@ (prazo)
MG-B.H.: R$ 188/@ (prazo)
BA-F. Santana: R$ 192/@ (à vista)
RS-P.Alegre: R$ 192/@ (à vista)
RS-Fronteira: R$ 190/@ (à vista)
PA-Marabá: R$ 190/@ (prazo)
PA-Redenção: R$ 188/@ (prazo)
PA-Paragominas: R$ 194/@ (prazo)
TO-Araguaína: R$ 187/@ (prazo)
TO-Gurupi: R$ 185/@ (à vista)
RO-Cacoal: R$ 177/@ (à vista)
RJ-Campos: R$ 183/@ (prazo)
MA-Açailândia: R$ 182/@ (à vista)