sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Baixa movimentação no mercado do boi gordo

Sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017 - 06h00



A pressão de baixa observada nas últimas semanas perdeu força. De maneira geral os negócios acontecem de forma lenta.

Das trinta e duas praças pesquisadas pela Scot Consultoria para o boi gordo, ocorreram quedas em três e altas em duas na última quinta-feira (23/2).

O lento escoamento da carne bovina não gera interesse das indústrias em alongar as escalas.

Em São Paulo, as programações de abate atendem em torno de quatro dias. Existem tentativas de compra tanto abaixo como acima da referência. Este último caso é comum para as indústrias com maiores dificuldades em fazer escala.

Em Paragominas-PA, a forte chuva vem atrapalhando os embarques nos últimos dias.

por Alex Santos Lopes da Silva em Scot Consultoria

Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 - 06h00



O mercado está sem espaço para ajustes de preços. As tentativas de compra se alinham cada vez mais à referência. Isso é sinal de que o nível de oferta de boiada, que parecia ter melhorado nas últimas semanas, não permite compras com facilidade.

E, do outro lado, está a demanda. Sem fôlego para puxar as vendas de carne a ponto de levar os compradores a intensificarem os negócios para aquisição de matéria-prima.

Este comportamento fica claro com a estabilidade na maioria das praças. As mudanças frequentes de preços que ocorriam na primeira metade do mês param de ocorrer.

Em São Paulo, porém, a especulação segue grande. Enquanto há indústrias oferecendo R$143,00/@, à vista, há escalas sendo feitas por R$147,00/@, nas mesmas condições. Quem oferta menos não tem interesse de alongar as programações de abate.

No mercado de carne bovina, poucos negócios e preços estáveis.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Estratégias nutricionais para otimizar a eficiência reprodutiva - Parte 2

Por Ricarda Maria dos Santos e José Luiz Moraes Vasconcelos 
postado em 17/02/2017 em Milkpoint

Este texto é a parte da palestra apresentada pelo Dr. Milo C. Wiltbank da University of Wisconsin, Madison, do EUA, no XX Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, realizado em Uberlândia de 17 e 18 de março de 2016.
Efeitos de dietas com alto teor de energia sobre a fertilidade
reprodução gado de leite Outra ideia controversa relacionada ao teor de energia na dieta balanço de energia é a piora observada na qualidade do embrião quando as vacas recebem níveis excessivos de energia na dieta no período anterior à IA. Aumentos no consumo de ração ou maior teor de carboidrato não fibroso (CNF) na dieta foram relacionados à alteração dos níveis de insulina (Adamiak et al., 2005; Adamiak et al., 2006) e progesterona (P4) (Sangsritavong et al., 2002; Vasconcelos et al., 2003) e sucesso da superovulação (Yaakub et al., 1999).

Novilhas de corte superovuladas alimentadas com dieta rica em energia ad libitum (nível excessivo de energia) apresentaram número reduzido de CL, de estruturas recuperadas e número drasticamente menor de embriões transferíveis em comparação ao grupo que recebeu 81% do nível de consumo ad libitum (Yaakub et al., 1999). O consumo excessivo de energia, portanto, pode alterar o desenvolvimento do embrião, mas o (s) mecanismo (s) destes efeitos ainda não foram plenamente compreendidos, nem se estes efeitos ocorrem no oócito ou diretamente no embrião.

Esta ideia foi testada ao comparar os dados reprodutivos de 49 rebanhos de vacas holandesas mantidas em freestall em Wisconsin (rebanhos usando o software Dairy Comp 305 [n = 44] ou PCDart [n = 5] para manejo) com a composição da dieta total. As informações nutricionais incluíram todos os ingredientes e a composição nutricional de todas as misturas utilizadas. Os rebanhos incluídos nesta avaliação variaram de 143 a 2.717 vacas em lactação (média 719,6 ± 77,2), ordenhadas 2 (n = 6) ou 3 (n = 43) vezes por dia, com média de produção de leite por vaca de 39,0 ± 1,3 kg/dia e média de consumo de matéria seca (CMS) de 25,1 ± 0,5 kg/dia.

Houve variação significativa na composição da dieta; por exemplo, proteína bruta (PB) variou de 16,0 a 18,7%, proteína degradável no rúmen (PDR) de 9,1 a 12,3%, fibra em detergente neutro (FDN) de 24,9 a 35,1%, CNF de 31,7 a 46,6%, amido de 20,1 a 30,8% e gordura de 3,1 a 6,7%. O nível de produção de leite não foi associado ao índice G/IA na primeira IA ou outros parâmetros reprodutivos (P>0,10). Entretanto, maior CMS apresentou tendência de associação com índice G/IA mais baixo ao primeiro serviço (r=-0,25, P=0,10). O teor de PB, PDR e gordura na dieta não apresentou associação com G/IA (P>0,10). A porcentagem de FDN na dieta foi positivamente associada com G/IA ao primeiro serviço (r=0,36, P=0,01).

O mais interessante é que o maior teor de energia na dieta em base de CNF, consumo de CNF ou amido foram considerados de efeito negativo sobre G/IA ao primeiro serviço (CNF: r=-0,54, P<0,01; consumo de CNF: r=-0,42, P<0,01; amido: r=-0,37, P=0,03) e todos os resultados G/IA combinados (CNF: r=-0,51, P<0,01; consumo de CNF: r=-0,44, P<0,01; amido: r=-0,21, P=0,20). Na conclusão deste estudo, as dietas contendo mais fibra e menos carboidratos rapidamente digestíveis foram associadas a melhor desempenho reprodutivo em rebanhos leiteiros de alta produção.

Um importante conceito que ainda precisa ser adequadamente testado é que o excesso de energia poderia resultar em superestimulação do folículo ou oócito, levando a subsequentes efeitos negativos sobre o desenvolvimento do embrião (Garnsworti et al., 2008a; b; Rooke et al., 2009; Webb e Campbell, 2007). Já foram demonstradas evidências de efeitos negativos da superalimentação sobre o desenvolvimento do embrião em estudo conduzido em ovelhas superovuladas que foram alimentadas com 2,2 vezes que os requerimentos de mantença. Houve piora da qualidade do embrião, mesmo em comparação a embriões de ovelhas subalimentadas (0,5 vez, ou 50% dos níveis de mantença) (Lozano et al., 2003).

Este estudo, além de outros em vacas em lactação (Sangsritavong et al., 2002; Vasconcelos et al., 2003), também relatou que os animais com maior nível de consumo de ração apresentaram redução dos níveis séricos de P4. Estudos anteriores demonstraram que a elevação dos níveis séricos de P4 durante tratamentos de superovulação melhoram a qualidade do embrião e resultam em maior número de embriões transferíveis (Nasser et al., 2011; Rivera et al., 2011).

A redução do P4 circulante pode levar à elevação dos pulsos de LH, possivelmente resultando em retomada prematura da meiose e ovulação de um oócito de fertilidade reduzida, como foi observado em modelos de folículos persistentes (Revah e Butler, 1996; Roberson et al., 1989). Além do efeito de P4 durante o desenvolvimento do folículo pré-ovulatório, o aumento de P4 sérico depois da inseminação pode favorecer o desenvolvimento do embrião, aumentando principalmente o comprimento na fase pré-implantação (Lonergan e Forde, 2014; Lonergan et al., 2013; Maillo et al., 2014; O'Hara et al., 2014a; O'Hara et al., 2014b; Wiltbank et al., 2014).

Concentrações excessivas de insulina podem reduzir a qualidade do oócito e subsequente desenvolvimento do embrião. Adamiak et al. (2005) conduziram um experimento elaborado, coletando oócitos através de aspiração folicular vaginal guiada por ultrassom em novilhas mestiças alimentadas 1 ou 2x o nível de mantença ao longo de três ciclos estrais consecutivos.

No estudo observou-se que o efeito do nível nutricional sobre a qualidade do oócito foi dependente da condição corporal das novilhas; o nível 2x teve efeito positivo sobre os oócitos recuperados de novilhas com baixo ECC, mas impacto negativo sobre os oócitos recuperados de novilhas de ECC moderadamente alto. Além disso, muitas das novilhas moderadamente gordas apresentaram hiperinsulinemia, que também teve impacto negativo sobre a qualidade do oócito. Em estudo semelhante, novilhas expostas a dieta rica em amido apresentaram aumento correspondente na concentração circulante de insulina e consequente redução na taxa de produção de blastocistos (Adamiak et al., 2006). Assim, consumo excessivo de energia pode reduzir a qualidade do embrião através de elevação dos pulsos de LH ou insulina ou outro sinal metabólico associado ao consumo de energia em excesso ou dieta rica em carboidratos.

Em vacas leiteiras em fase adiantada de lactação, como o consumo geralmente supera a utilização de energia, o balanço de energia passa a ser positivo e o nível sérico de insulina se eleva. A restrição aguda do consumo de ração reduz o nível sérico de insulina e eleva o de P4 em vacas leiteiras em lactação avançada (Ferraretto et al., 2014). Este modelo foi usado para testar hipóteses específicas relacionadas ao consumo de ração (consumo ad-libitum vs. restrição de 25%) e LH (± LH adicional) em vacas holandesas superovuladas em final de lactação usando um quadrado latino 2 x 2 como desenho experimental (Bender et al., 2014).

Como esperado, a restrição alimentar teve efeito significativo sobre a insulina sérica, sem alterar a glicemia (Bender et al., 2014). Não foram observadas alterações significativas em número de grandes folículos no dia final de superovulação, na porcentagem de ovulação destes folículos ou no número de CLs no dia da coleta (flushing). O resultado mais consistente e biologicamente interessante obtido neste estudo foi a interação detectada entre a restrição alimentar e teor de LH durante o protocolo de superovulação sobre a porcentagem de oócitos fertilizados e sobre a porcentagem total de estruturas classificadas como embriões graus 1 e 2 (embriões de melhor qualidade) em comparação ao número de embriões degenerados.

Parece que a combinação de alimentação ad libitum e alto nível de LH reduziu a porcentagem de oócitos fertilizados e a qualidade dos embriões resultantes, consistente com a ideia de que altos níveis de LH combinados com altos níveis de insulina podem reduzir a qualidade do embrião. Por outro lado, vacas submetidas a restrição alimentar e com baixos níveis de LH protocolo de superovulação também apresentaram menor taxa de fertilização de oócitos, menor porcentagem de embriões graus 1 e 2 (do total de estruturas) e maior número de embriões degenerados. Entretanto, a suplementação de LH em vacas submetidas a restrição alimentar promove maior qualidade do embrião, o que demonstra que existe uma interação entre estes dois tratamentos sobre a qualidade do embrião, consistente com a ideia de que a otimização dos protocolos de superovulação deve considerar tanto o estado hormonal quanto metabólico da vaca tratada. Deve-se evitar condições que produzam tanto elevação excessiva de LH quanto de insulina (excesso de consumo de energia), pois aparentemente tem efeito negativo sobre a taxa de fertilização e sobre a qualidade do embrião (Bender et al., 2014).

Em conclusão, parece bastante claro que o balanço negativo de energia durante as primeiras 3 semanas depois do parto pode ter impacto negativo sobre a fertilidade ao primeiro serviço, mesmo quando a IA ocorre mais de 5 semanas depois do balanço negativo de energia. O efeito adverso do balanço negativo de energia durante o período de transição se manifesta na forma de desenvolvimento reduzido do embrião durante a primeira semana pós-IA, sugerindo efeito residual de problemas durante a transição sobre a competência do oócito.

Em vacas holandesas em final de lactação, a restrição alimentar teve efeito positivo sobre a qualidade do embrião quando suplementadas com LH, mas foi negativa em vacas que não receberam LH adicional. Em vacas holandesas secas recebendo a dieta de manutenção, a elevação da insulina sérica reduziu a fertilização, sugerindo efeito negativo da insulina sobre a qualidade do oócito, mas não alterou o subsequente desenvolvimento ou qualidade do embrião. Assim, raça, ECC e estado metabólico da vaca devem ser considerados na decisão quanto aos programas nutricionais e hormonais a serem utilizados na produção de embriões.

Confira a primeira parte deste artigo clicando aqui. 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Estratégias nutricionais para otimizar a eficiência reprodutiva - Parte 1

Por Ricarda Maria dos Santos e José Luiz Moraes Vasconcelos 
postado em 01/02/2017 por Milkpopint

Este texto é a parte da palestra apresentada pelo Dr. Milo C. Wiltbank da University of Wisconsin, Madison, do EUA, no XX Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, realizado em Uberlândia de 17 e 18 de março de 2016.
Resumo
Ao longo do século passado, o aumento da produção de leite foi associado à piora do desempenho reprodutivo. Na última década, entretanto, houve melhora na reprodução, mesmo com o contínuo aumento da produção de leite. Os motivos para esta melhora reprodutiva são vários, como aperfeiçoamento nos programas de manejo reprodutivo, avanços de ambiência que proporcionaram mais conforto às vacas e programas avançados de manejo sanitário, além de uma virada na genética da reprodução, que proporcionou alguns destes ganhos.
Pesquisas recentes e antigas indicam que ganhos em desempenho reprodutivo exigem otimização dos programas nutricionais, assunto a ser enfatizado neste texto, abordando quatro áreas específicas. Em primeiro lugar, deficiências nutricionais na dieta pré-parto podem afetar negativamente a reprodução. Pesquisas recentes indicam que a suplementação de vitamina E a vacas com deficiência apenas marginal de vitamina E no último mês de gestação reduziu a incidência de retenção de placenta e natimortos, além de melhorar o desempenho reprodutivo subsequente.

Em segundo lugar, deficiências nutricionais no período periparto e durante os primeiros 21 dias pós-parto podem ter efeito adverso significativo sobre a reprodução subsequente. Em um estudo prospectivo recente e consistente com resultados obtidos anteriormente, observou-se que alterações no ECC durante os primeiros 21 dias pós-parto foram associados a diferenças dramáticas em fertilidade em vacas leiteiras de alta produção em lactação.

Terceiro, a elevação dos níveis de insulina durante a semana que precede a IA, potencialmente devido a dietas com alto teor de carboidratos não fibrosos, pode ter efeitos negativos sobre a fertilização e desempenho reprodutivo de ruminantes. Desta forma, a redução da insulina através de variações direcionadas e sutis em consumo de ração ou composição da fração energética da dieta poderiam ser usados para melhorar a reprodução.

Quarto, a otimização da composição de aminoácidos das dietas pode melhorar a eficiência reprodutiva. Em pesquisa recente foi demonstrado que a suplementação de metionina protegida da ação ruminal altera a expressão gênica em embriões em fase de pré-implantação e reduz perdas gestacionais subsequentes em vacas leiteiras em lactação. Desta forma, programas nutricionais inadequados podem reduzir o desempenho reprodutivo e uma nutrição otimizada pode melhorar a reprodução até mesmo em rebanhos altamente melhorados geneticamente nos quais se aplicam estratégias de manejo reprodutivo.

Introdução
Inúmeras revisões já ressaltaram a importância da nutrição na regulação da eficiência reprodutiva bovina (Cardoso et al., 2013; Grummer et al., 2010; Santos et al., 2010; Wiltbank et al., 2006). Os efeitos da nutrição na vaca doadora de embriões já foram bastante enfatizados (Santos et al., 2008; Sartori et al., 2010; Sartori et al., 2013; Velazquez, 2011; Wu et al., 2013). Esta revisão vai focar especificamente em alguns resultados relacionados a como alterações na nutrição podem alterar a eficiência reprodutiva de vacas leiteiras.

Níveis inadequados ou excessivos de energia, proteína ou aminoácidos específicos podem ter efeitos em vários estágios do processo reprodutivo. Em primeiro lugar, foi postulado de que efeitos durante o período pós-parto imediato poderiam alterar o oócito e subsequente desenvolvimento do embrião depois da fertilização deste oócito alterado (Britt, 1992).

Em segundo lugar, alterações em hormônios circulantes e metabólitos tais como insulina, glicose, ureia ou aminoácidos durante as fases finais de desenvolvimento do oócito, antes da ovulação, poderiam ter efeito negativo sobre a taxa de fertilização ou desenvolvimento do embrião (Adamiak et al., 2005; Adamiak et al., 2006; Bender et al., 2014).

Um terceiro objetivo óbvio da nutrição sobre o embrião é durante a primeira semana de desenvolvimento, quando alterações no ambiente do oviduto ou útero poderiam alterar o desenvolvimento do embrião até o estágio de blastocisto (Steeves e Gardner, 1999a; b; Steeves et al., 1999). Finalmente, alterações nos metabólitos energéticos circulantes, como glicose e propionato e de constituintes de células como aminoácidos, poderiam alterar a composição do meio uterino e consequentemente influenciar a eclosão e o alongamento do embrião.

O embrião em processo de alongamento secreta a proteína interferon-tau, essencial para resgatar o corpo lúteo e cuja concentração é influenciada por substâncias do meio uterino (Groebner et al., 2011; Hugentobler et al., 2010). Além disso, determinados nutrientes do meio uterino também podem alterar a expressão de interferon-tau (Kim et al., 2011). Desta forma, deficiências ou excessos de energia, proteína ou aminoácidos específicos poderiam ter impacto direcionado em estágios específicos do desenvolvimento do oócito/embrião ou ter efeitos múltiplos, potencialmente aditivos, sobre os processos reprodutivos.

Manejo nutricional no período de transição: efeitos da duração do período seco
Uma maneira extrema de alterar o balanço de energia durante o período de transição é eliminar o período seco. Estudos do laboratório do Dr. Ric Grummer, demonstraram um efeito positivo da suspensão do período seco sobre o balanço de energia, retorno à ciclicidade e fertilidade (Grummer et al., 2010). Quando o período seco foi eliminado, não houve balanço negativo de energia durante o pós-parto imediato (Rastani et al., 2005). O tempo até a primeira ovulação foi reduzido nas vacas que não foram secas (13,2 + 1,2 d) em relação a vacas com período seco de 56 dias (31,9 + 4,4 d) ou 28 dias (23,8 + 3,4 d) (Gumen et al., 2005).

Um aspecto interessante foi que houve maior número de gestações por inseminação artificial (G/IA) nas vacas que não foram secas (55%) em comparação às vacas com período seco de 56 dias (20%) (Gumen et al., 2005). Desta forma, o manejo do período seco pode reduzir/eliminar o balanço negativo de energia durante o pós-parto imediato e aumentar a taxa de G/IA (Grummer et al., 2010; Gumen et al., 2005; Watters et al., 2009).

Manejo nutricional no período de transição: efeitos da variação de condição corporal
A correlação entre ingestão de energia e energia na dieta (carboidratos fibrosos vs. não fibrosos, CNF) exerce profundos efeitos sobre o estado metabólico da vaca e, em alguns casos, também sobre o desempenho reprodutivo tanto de vacas de leite quanto de corte. Parte deste efeito se deve ao atraso no retorno à ciclicidade. O balanço negativo de energia reduz o crescimento do folículo dominante e a produção de estradiol (E2), provavelmente devido à redução dos pulsos de hormônio luteinizante (LH), assim como os teores circulantes mais baixos de insulina e IGF-1 (Butler, 2003; 2005; Canfield e Butler, 1990). A magnitude da perda de escore de condição corporal (ECC) depois do parto pode aumentar a porcentagem de vacas que não estão ciclando ao final do período voluntário de espera (Gumen et al., 2003; Lopez et al., 2005; Santos et al., 2004; Santos et al., 2009). Um aumento na porcentagem de vacas anovulatórias reduz a eficiência reprodutiva em programas que usam detecção de estro ou sincronização de ovulações em inseminação artificial em tempo fixo (IATF) (Gumen et al., 2003; Santos et al., 2009). Vacas com baixo ECC têm menor fertilidade após IA (Moreira et al., 2000; Souza et al., 2008), provavelmente devido à anovulação por queda do ECC (Santos et al., 2009).

Em estudo retrospectivo (Carvalho et al., 2014), avaliou-se o efeito do ECC no momento da IATF sobre o desempenho reprodutivo de vacas leiteiras em lactação tratadas com o protocolo Duplo-Ovsynch (Herlii et al., 2012; Souza et al., 2008) para indução de ciclicidade e sincronização da ovulação. Vacas com baixo ECC (≤2,5) tiveram maior incidência de anovulação (12,3% [21/171] vs. 4,9% [22/451]; P = 0,0006) e redução de G/IA (40,4% [105/260] vs. 49,2% [415/843]; P = 0,03) em comparação a vacas com ECC ≥ 2,75. Desta forma, o ECC no momento da IA tem um pequeno, porém significante efeito sobre a fertilidade, mesmo quando as vacas são induzidas usando um protocolo à base de GnRH, como o Duplo-Ovsynch.

Potencialmente, ainda mais importante para a fertilidade que o ECC absoluto no momento da IA é a variação negativa de ECC entre o parto e a primeira IA (López-Gatius et al., 2003; Santos et al., 2009). Consistente com esta ideia Carvalho et al. (2014), observaram efeito sobre o índice G/IA quando avaliaram vacas quanto à variação de ECC entre o parto e 21 dias pós-parto. O índice G/IA foi diferente (P<0,001) entre as categorias de variação de ECC e foi máximo em vacas que ganharam ECC (83,5%; 353/423), intermediário em vacas cujo ECC se manteve inalterado (38,2%; 258/675) e mais baixo em vacas que perderam ECC (25,1%; 198/789). Desta forma, estes resultados são consistentes com a ideia lançada por Britt (1992), que postulou que o balanço energético no período imediatamente pós-parto poderia alterar a qualidade de folículos/oócitos, resultando em efeitos negativos sobre a fertilidade subsequente de vacas leiteiras em lactação.

Num terceiro experimento Carvalho et al. (2014), testaram diretamente esta hipótese ao avaliar o efeito da perda de peso no pós-parto imediato sobre a qualidade do embrião em vacas superovuladas (Carvalho et al., 2014). O peso corporal de vacas leiteiras em lactação (n=71) foi medido semanalmente da primeira à nona semana pós-parto e em seguida todas as vacas foram submetidas a indução de superovulação usando um protocolo Duplo-Ovsynch modificado. As vacas foram divididas em quartis de acordo com a porcentagem de variação de peso corporal (Q1 = menor variação; Q4 = maior variação) entre o parto e a terceira semana pós-parto. Não houve efeito do quartil sobre o número de ovulações, número total de embriões coletados ou porcentagem de oócitos fertilizados; a porcentagem de oócitos fertilizados que geraram embriões transferíveis, entretanto, foi maior em vacas em Q1, Q2 e Q3 em relação a Q4 (83,8%, 75,2%, 82,6%, e 53,2%, respectivamente).

Além disso, a porcentagem de embriões degenerados foi menor em vacas em Q1, Q2 e Q3 e maior em Q4 (9,6%, 14,5%, 12,6% e 35,2%, respectivamente). Assim, o efeito das alterações em ECC durante o período pós-parto imediato sobre a fertilidade subsequente na primeira IA poderia ser parcialmente explicado pela piora da qualidade do embrião e maior número de embriões degenerados no dia 7 depois da IA em vacas que perdem mais peso entre a primeira e terceira semana pós-parto. Estes resultados são obviamente consistentes com a hipótese de Britt (1992) e especialmente variações de ECC podem ter efeitos dramáticos sobre a fertilidade e desenvolvimento inicial do embrião em vacas leiteiras.
 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Produtores de milho dos EUA temem disputa com América do Sul por mercado mexicano

19/02/17 - 22:20 por Agrolink

As tentativas do México de diversificar seus fornecedores de milho podem ameaçar um mercado crucial para produtores dos Estados Unidos, que estão cada vez mais dependentes de exportações para escoar estoques recordes que têm pressionado os preços. O México compra dos Estados Unidos quase toda sua importação de milho, em carregamentos que totalizaram 13,6 milhões de toneladas no ano encerrado em 31 de agosto de 2016. As vendas representam cerca de 28 por cento de todas as exportações de milho dos EUA, segundo do Departamento de Agricultura (USDA).
Contudo, o México quer agora reduzir sua dependência dos EUA, à medida que o presidente norte-americano Donald Trump ameaça interferir no comércio entre os dois países. Na quinta-feira, o ministro de Agricultura do México disse que tem planos de visitar a Argentina e o Brasil para comprar milho. O ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, havia dito na semana passada que as políticas protecionistas que estão sendo implementadas pelo novo presidente dos Estados Unidos já estão abrindo espaço para negociações do Brasil com novos compradores de produtos do agronegócio, como o México. Segundo Blairo, uma rodada de negócios com empresários mexicanos deverá ocorrer a partir do dia 20 de fevereiro.
Um comprador de grãos em uma usina de milho no México disse à Reuters na quinta-feira já pediu cotações de preços para exportadores do Brasil e da Argentina, para envio ao México. O México costuma importar da América do Sul ou outros países além dos EUA apenas quando os preços estão atrativos e quando a oferta está apertada.
Atualmente os preços do milho dos EUA entregue no México estão em 190 dólares por tonelada, cerca de 10 a 15 dólares mais barato que o da América do Sul, disseram fontes do mercado. "A extensão na qual vai haver qualquer mudança (do México) para oferta da América Latina, francamente depende do preço. Nesse momento, não funciona, portanto teria que haver algo mais que dispare isso", disse o presidente da trading Bunge, Soren Schroder, em uma conferência com analistas na quarta-feira.
Produtores dos EUA estão preocupados com a possibilidade de os primeiros movimentos da administração Trump ameaçarem exportações, que são um raro foco de prosperidade em uma economia agrícola que sofre com queda de receita. Trump já levantou a perspectiva de renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), com México e Canadá. O Nafta, segundo produtores de alimentos, ajudou a quadruplicar as exportações de produtos agrícolas dos EUA para a região nas últimas duas décadas. "Nós estamos preocupados que a escalada na retórica esteja criando um ambiente em que compradores mexicanos sintam a necessidade de olhar para fornecedores alternativos, o que poderia afetar a fatia de mercado dos EUA", disse o Conselho de Grãos dos EUA, um grupo de comércio que fomenta mercados de exportação, em uma nota à Reuters.
(Karl Plume)

Perspectivas assombrosas para o agronegócio norte-americano

O agronegócio norte-americano está em direção de um triste marco: em breve haverá menos de 2 milhões de fazendas nos EUA pela primeira vez em sua história!
O fato é que que sucessivas quedas nos preços do milho, trigo e outras commodities agrícolas provocada por um excesso de grãos em todo o mundo está aumentando o endividamento dos agricultores norte-americanos.
Muitos fazendeiros estão abandonando a atividade por lá! E isso levanta preocupações de que os próximos anos poderiam trazer a maior onda de fechamentos de fazenda desde a década de 1980.
A participação dos EUA no mercado global de grãos é menos da metade do que era na década de 1970. Os rendimentos dos agricultores americanos cairão 9% em 2017, estima o USDA.
A agricultura tradicionalmente sofre influencia das oscilações de preços. Contudo, tais variações estão mais acentuadas e menos previsíveis agora que a economia agrícola tornou-se mais internacional e com mais países cultivando alimentos para exportação.
A participação dos agricultores americanos no comércio mundial de grãos caiu de 65% em meados da década de 1970 para 30% hoje.
Década atrás, o boom de biocombustíveis nos EUA e a crescente classe média da China elevaram os preços de culturas como milho e soja. Muitos produtores americanos investiram no agronegócio, confiantes que o cenário positivo perdurasse no longo prazo.
O boom também incentivou os agricultores de outros países a acelerar a produção, com custos de produção mais baixos, proximidade com mercados de rápido crescimento e , com isso, a produção de milho e trigo nunca foi tão grande.
Nos EUA, enquanto os tamanhos da fazenda saltaram, seu número caiu, de seis milhões em 1945 a pouco mais de dois milhões em 2015, aproximando-se de um limite visto pela última vez em meados do século XIX. O total de acres cultivados nos EUA caiu 24% para 912 milhões de acres.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Como perceber que a pastagem não está bem?

Por Marco Aurélio Factori 
postado há 22 horas e 33 minutos atrás por Milk Point.


Quando ficamos doentes, ao enfrentarmos um problema, ou qualquer outro inconveniente, nos deparamos com os indícios. Indícios são evidências que nos conduzem a tomarmos algumas decisões. Pois bem, quando estamos gripados, começamos a espirrar ou ficamos abatidos, na sequência, podemos chegar em um estado na qual a decisão mais certa é ir ao médico e na farmácia comprar remédios. 
 
produção de leite a pasto

pastagem, como não é diferente, é um sistema que nos permite produzir animais que a um baixo custo e, como se não bastasse, com alta eficiência. Na pastagem, como qualquer sistema, há alguns pontos importantes para serem observados que nos fazem ou não tomar algumas decisões. Essas, culminarão em atitudes positivas para otimizar ou recuperar o sistema.

O primeiro e primordial indício que mostra se a pastagem vai ou não vai bem é a produtividade. Quando a área não suporta os mesmos animais que suportava antes, com certeza este fator é facilmente notado. Erroneamente, quando uma pastagem anda mal, ou seja, ela esta entrando em um processo de degradação, automaticamente pensamos que ela ficará menos nutritiva e que com certeza devemos suplementar os animais em função da falta de proteína.

Um ponto muito importante a ser abordado é que quando uma forrageira está em deficiência, ela sim, diminui a sua qualidade, mas com certeza, esta diminuição não é tão sensível a ponto de pensarmos que devemos suplementar ou não proteína. Neste caso, o fator mais agravante é a diminuição da produção. Me perguntam sempre, e no inverno? Por que um capim diminui seu valor proteico? Neste caso a forrageira diminui o seu valor nutritivo e sua produção, pois ela permanece em um estado de sobrevivência. Neste caso, ela procura se manter viva, para passar o período desfavorável de crescimento e continuar a sua vida no verão (considerando forrageira tropicais, por exemplo). Neste caso, as diminuições nos teores de proteína, por exemplo, se dão ainda, pela alteração na proporção de folhas e caules e por consequência, alteração no seu teor proteico.

Outro fator importante a ser considerado em uma pastagem é o indício das falhas na pastagem. Estas são oriundas de plantas que morreram em função de condições adversas. Explicando de forma bem simples, uma forrageira que emite folhas para fazer fotossíntese - e consequentemente produzir “alimento” (compostos fotossintéticos) para si própria - faz uso de alimentos pré-reservados na raiz. Quando ela é pastejada, utiliza estes alimentos das raízes e ao emitir folhas novas, faz fotossíntese e repõe esse conteúdo utilizado na raiz. Isto acontece naturalmente no pastejo com manejo correto (rotacionado). Quando isto não é respeitado, a planta não repõe seus nutrientes, esses são utilizados e consequentemente, a planta morrerá. Ao morrer, ela some do pasto originando falhas. Se não há capim, não há produtividade.

A presença de falhas acarreta em uma porta de entrada para plantas invasoras que infestam a pastagem e competem com o capim. Inicia-se o processo de degradação, este aqui mencionado em função de uma forrageira que morreu e deixou uma porta de entrada. Porém, em muitos casos, a degradação ocorre pela falta de nutrientes. A invasora é menos exigente e consegue viver naquela área na situação na qual se encontra a pastagem.

Sendo assim, voltamos a enfocar na falta de produtividade, que indica que o capim não está bem. Muitos falam que cupins, plantas invasoras e outras plantas são bem-vindas na pastagem para compor o ecossistema. Senhores, lugar de pastagem é lugar de pastagem. Vale destacar que não menciono e considero as árvores como invasoras, pelo contrário, elas devem compor a área de pastagem promovendo sombra para os animais. Além disso, por terem raízes profundas, retiram os nutrientes mais profundos, atuando como grandes recicladoras de nutrientes. Voltando ao aspecto de indicador, não é admissível a presença de cupins e outras invasoras na pastagem. A presença deles nos indica que o pastejo não está bem, ou seja, foi permitido que algo entrasse na área em função do não atendimento de algum requisito do capim.

As principais causas da degradação da pastagem têm sido relacionadas desde a escolha da espécie ou cultivar de forrageira, seguido do estabelecimento deficiente, preparo inadequado do solo, ausência de calagem e adubação, baixa qualidade da semente até o mau manejo da espécie forrageira, principalmente o super pastejo (mais animais do que a área suporta). Tais fatos se devem às falhas na exploração pecuária como um todo, incluindo problemas relativos à conservação dos solos, planejamento do equilíbrio da oferta e demanda de alimentos ao longo do ano, além da não reposição de nutrientes.

Em resumo, toda e qualquer pastagem deve ser observada. Se nós queremos produtividade devemos proporcionar condições para tal fato. Como sempre defendo a bandeira, com mais ou menos adubo não iremos formar um super capim ou ainda um capim deficiente. A grosso modo, estaremos prejudicando mais sensivelmente a produtividade do capim. Este é o melhor indício de que as coisas estão ruins. Portanto, tudo culminará na degradação da pastagem, implicando na sua recuperação, a qual demandará custos.

Se quisermos produzir temos que atender a demanda. Indícios de que tudo vai bem sempre estarão defrontes nossos olhos. O que precisamos é querer ver. Para concluir, se o problema for uma gripe passageira podemos até pensar em tomar remédio, mas se não tivermos certeza do que fazer procure sempre um médico. No caso da pastagem, um profissional que atenda a demanda. Não fique gastando arremessos, acerte logo no alvo.
 

Mercado do boi gordo pressionado, mas com dificuldade para novas reduções de preços

por Alex Santos Lopes da Silva em Scot Consultoria

Sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017 - 06h00




Embora a pressão de baixa ainda exista, a força para alterar os preços já não é a mesma das semanas anteriores.

Nada mudou em termos de conjuntura. A demanda segue ruim e a disponibilidade de boiadas não é abundante, embora venha melhorando com a chegada de fêmeas descartadas ao mercado.

As ofertas de compra, de forma geral, estão quase sempre alinhadas à referência. Inclusive, em algumas praças, como no Norte do Tocantins, existe oferta de frigorífico grande acima da referência.

Em São Paulo, os testes de mercado são mais intensos. Há quem tente comprar por até R$143,00/@, à vista, mas sem sucesso.

Em contrapartida, tem quem pague R$146,00/@, nas mesmas condições. Não há programações de abate longas no estado,mesmo que o nível de ociosidade seja considerável.

No mercado atacadista de carne bovina, estabilidade de preços para as peças com osso e queda de 0,35% para os cortes desossados.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Quedas graduais nos preços da arroba e mercado de fêmeas com oferta crescente

por Gustavo Aguiar em Scot Consultoria

Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017 - 06h00




A conjuntura de mercado pressionado ainda é uma realidade para o boi gordo. Porém, as quedas nas referências ocorrem pontualmente e de maneira gradual.

Em São Paulo, a referência está posicionada em R$145,50/@, à vista, porém há ofertas de compra de até R$142,00/@, nas mesmas condições.

Há uma grande amplitude entre os preços ofertados no estado. É possível encontrar ofertas de compras mais altas na negociação a prazo, situação na qual há preços de até R$151,00/@, para o pagamento com trinta dias.

A oferta de fêmeas vem se mostrando um pouco mais volumosa, movimento que é característico dos primeiros meses do ano.

No mercado atacadista de carne com osso, estabilidade para o boi casado, cotado em R$9,41/kg. A vaca casada caiu, e está cotada em R$8,70/kg.

Safra de cana do NE pode cair ainda mais diante do 6º ano de seca

O velho problema das secas no nordeste do Brasil e qual a solução "emergencial" solicitada? O de sempre subvenção do governo. As associações e os produtores não se preocupam em procurar soluções, que existem, para enfrentarem o problema pois é mais fácil pedir dinheiro de graça para o governo. JEPAlayon.

15/02/17 - 10:01 por Agrolink

Sem chuva pelo sexto ano seguindo, os canaviais nordestinos já estão morrendo. A previsão de frustração produtiva é de 30% em comparação à safra anterior. Há áreas onde a perda será de até 70%. A estiagem é maior nos estados de PE e AL - maiores produtores de cana da região. Diante do prejuízo e sem previsão de chuva, as lideranças do setor se mobilizam para reivindicar do governo federal políticas públicas emergenciais e ações estruturadores para evitar a repetição do cenário. Os presidentes das entidades canavieiras da Bahia ao Rio Grande Norte estão em Brasília e definirão hoje (15) uma pauta única de reivindicação durante a reunião da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida).
"Uma proposta de ação emergencial a ser defendida será o pagamento da subvenção da cana, mesmo diante da crise econômica do país, visto que a crise do produtor rural é ainda maior porque trata da subsistência", fala Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida. Existe inclusive uma subvenção federal já sancionada e pendente de pagamento desde 2014. Na reunião de logo mais, a Unida decidirá se solicitará outra subvenção, ou buscará o apoio do governo e do Congresso Nacional para atualizar a validade da aplicação da subvenção não paga no respectivo período.
Entre as medidas de médio e longo prazo, os canavieiros reivindicarão a edição regional de um projeto hídrico para os canaviais. Um exemplo é o projeto "Águas do Norte", de autoria do consultor do setor, Gregório Maranhão. Andrade Lima conta que este projeto tem como objetivo reter a água abundante da quadra chuvosa em pequenas propriedades através de micro barragens, utilizando-a durante o período mais seco. Com isso, garante a segurança hídrica necessária para a produção dos canavieiros e ainda evita que a água da chuva deságue no mar sem nenhuma função.

Agrolink com informações de assessoria

Abiove eleva safra para 104,60 milhões de toneladas

14/02/17 - 14:03 por Agrolink.


A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) elevou para 104,60 milhões de toneladas a safra de soja em 2017, um aumento de 8,8% em relação à colheita de 2016 (96,10 milhões de t). O novo balanço de oferta e demanda anual foi divulgado nesta segunda-feira, junto com as estatísticas do complexo soja com dados mensais atualizados até dezembro de 2016. (confira os números na seção Estatísticas do site www.abiove.org.br).
Soja em grão – A Abiove, que reúne 13 empresas comercializadoras e processadoras do complexo soja, projeta crescimento de 13,8% na exportação da oleaginosa, de 51,58 milhões de t em 2016 para 58,70 milhões de t em 2017. O processamento deverá passar de 39 milhões de t em 2016 para 41 milhões de t neste ano, um aumento de 5,1%.O estoque final projetado para 2017 é de 6,73 milhões de t, ante 4,73 milhões de t em 2016.
Farelo – A produção de farelo de soja deverá alcançar 31,10 milhões de t em 2017, ante 29,60 milhões de t em 2016, um aumento de 5,1%. O consumo interno, de acordo com a Abiove, está projetado em 15,70 milhões de t, uma ampliação de 2,6% na comparação com 2016 (15,30 milhões de t). Segundo previsão da indústria processadora, a exportação de farelo atingirá 15,50 milhões de t em 2017, aumento de 9,2% em relação a 2016 (14,20 milhões de t). O estoque final de farelo neste ano deverá declinar 8,5%, de 1,18 milhão de t para 1,08 milhão de t.
Óleo – De acordo com a Abiove, a projeção para o óleo de soja em 2017 é de aumento de 4,5% na produção (de 7,75 milhões de t para 8,10 milhões de t), de 4,6% no consumo interno (de 6,50 milhões de t para 6,80 milhões de t) e de 8% na exportação (de 1,25 milhão de t para 1,35 milhão de t). O estoque final de óleo está projetado em 283 mil t em 2017, ante 308 mil t em 2016, uma queda de 8,1%.

Agrolink com informações de assessoria

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Mercado do boi gordo sem viés definido

Terça-feira, 14 de fevereiro de 2017 - 06h00




Após a pressão de baixa registrada na semana passada, o mercado o boi gordo apresentou maior estabilidade nas cotações na abertura desta semana. 

Algumas indústrias estavam fora das compras na última segunda-feira (13/2) e aguardavam o comportamento do mercado para definição das ofertas de compra.

Nas regiões onde as pastagens se encontram em melhores condições, é comum ver pecuaristas retendo suas boiadas à espera de valorização da arroba e, nessas regiões, isto tem dificultado o alongamento das programações de abate. 

Porém, apesar dessa resistência por parte dos pecuaristas e da baixa oferta de boiadas, o consumo de carne não tem dado sinais de melhora e não há uma maior necessidade das empresas intensificarem suas compras.

Diante disso, como estratégia de controle de estoques, alguns frigoríficos têm optado pela redução dos abates. 

Efeito Trump: México já se prepara para trazer milho da América do Sul

13/02/17 - 11:47 

O governo do México buscaria outros fornecedores agrícolas no caso do presidente dos Estados Unidos,  Donald Trump, cumprir sua promessa de impor um imposto fronteiriço de 20% em produtos mexicanos para financiar a construção de um muro dividindo os dois países. Isso significaria uma importante perda de mercado para produtores norte-americanos de carne bovina, aves, suínos, milho, soja, arroz, entre outros, informa o Portal Agriculture.com.
"Eu os adverto: A abertura do mercado (mexicano) de grãos para os produtos agrícolas do Brasil vai comer o mercado que atualmente é de vocês", disse Idelfonso Guajardo, secretário de Economia do México em um encontro noticiado pela imprensa mexicana com Stephen Bannon, Peter Navarro e Jared Kushner, os principais assessores de Trump.
Ao longo do ano passado, o México já negociou diversos tratados para comércio de produtos agrícolas com a Argentina, mas nada de concreto ainda foi anunciado. As negociações e os trâmites mais avançados estariam na compra de ovos da Argentina pelos mexicanos.
Segundo Mike Zuzulo, presidente da Global Analytics & Consulting, do Kansas, já há uma ansiedade no mercado pelas mudanças significativas no mercado nos mercados de grãos e rações. Os compradores de ração bovina do lado sul da fronteira já estariam interessados em antecipar as decisões.
"Tudo dependerá do tamanho da safrinha do Brasil. Se o Brasil tiver volume suficiente, poderia colocar um milho entre US$ 25 e US$ 35 por tonelada (no mercado mexicano), e haveria mudança significativa no mercado. A chave estará no clima no Mato Grosso nos próximos meses", prevê Zuzolo em entrevista ao Agriculture.com.
Por outro lado, não se sabe quando uma possível sobretaxa fronteiriça entre os dois países seria imposta, apesar de ser mais provável que seja mais possível que seja depois do terceiro trimestre deste ano ou mesmo em 2018. O México importa anualmente 11 milhões de toneladas de milho - 100% dos Estados Unidos.
Na visão do analista mexicano Alfonso García Araneda, diretor general da Gamaa Derivados na Cidade do México, seria muito prejudicial para os dois países se o imposto fronteiriço for imposto. Ele destaca que as compras de milho e soja no México são feitas por conglomerados com sede nos EUA como Cargill e Archer Daniels Midland.
"O governo mexicano está negociando o máximo que pode, porque geraria uma grande perda para ambas as partes. Eu acredito que finalmente a administração dos Estados Unidos levará em consideração todos os danos que pode gerar para os americanos. Os governantes do México estão tentando demonstrar isso", diz García.
Para o analista brasileiro Carlos Cogo, de Porto Alegre, a saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica pode gerar talvez ainda mais oportunidades comerciais para o Brasil do que uma eventual guerra com o México. Segundo Cogo, seria uma oportunidade de comércio de ao menos 150 itens agrícolas para os 12 países envolvidos, mas ele vê um risco no efeito das políticas do governo Trump em todo o mundo.
"O estímulo fiscal e taxas de juros mais altas devem levar a um dólar forte. Isso pode gerar uma onda de depreciação das moedas dos países emergentes," analisou Cogo.

Agrolink
Autor: Leonardo Gottems

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Nutrição de precisão: como o NUL pode ajudar na formulação de dietas mais precisas?

Em gado e leite a nutrição sempre foi um fator de grande importância e custo. Neste artigo esclarece o que é o NUL e sua forma de utilização mas evidência a falta de pesquisas para as condições de Brasil. JEPAlayon.

Por Marina A. Camargo Danés e Ana Flávia de Morais S. R.e Andrade 
postado há 23 horas e 12 minutos atrás
MilkPoint


O conceito de nutrição de precisão vem ganhando atenção nos últimos anos, ancorada à busca de sistemas de produção sustentáveis e rentáveis. Aumentar a precisão da formulação de dietas permite a otimização do aproveitamento dos nutrientes, atendendo à exigência dos animais, com desperdícios minimizados. Porém, para colocar esse preceito em prática, é necessário conhecer com mínima margem de erro as exigências do animal, a quantidade de nutrientes fornecidos e realmente ingeridos, além de controlar as variações na composição dos alimentos e homogeneidade de mistura. 

Atender a esses requisitos não é tarefa fácil, uma vez que a dieta formulada na maioria das vezes difere da dieta consumida. Como, então, descobrir se o que o animal realmente consumiu foi adequado para suprir suas exigências sem desperdício de nutrientes? Alguns elementos mensurados no sangue, na urina, nas fezes ou no leite dos animais podem ser utilizados como indicadores não invasivos para monitorar a adequação da dieta. Dentre eles, o leite é o mais usualmente coletado e analisado e a concentração de nitrogênio ureico no leite (NUL) é facilmente medida, podendo ser usada para monitorar a eficiência de uso da proteína da dieta. A proteína é um nutriente essencial para o bom funcionamento do organismo da vaca de leite e afeta diretamente sua produção. Desta forma, formular dietas que atendam às exigências proteicas do animal é indispensável para obter-se uma boa resposta. Além disso, as fontes proteicas representam a fatia mais onerosa dos custos com alimentação de um rebanho, além dos impactos ambientais causados pelo excesso da excreção do nitrogênio não aproveitado. 

Há alguns anos o conceito de proteína bruta (PB) deixou de ser absoluto. Atualmente consideram-se as diferentes frações nutricionais da proteína verdadeira para cálculo de dietas, sendo elas divididas em proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável no rúmen (PNDR). O balanço entre essas duas frações, assim como suas composições, balanço de energia, vitaminas e minerais, interferem no metabolismo e aproveitamento do nitrogênio pelo animal. A PDR será alvo dos micro-organismos no rúmen, que utilizarão os aminoácidos e amônia provenientes de sua degradação para produção de proteína microbiana (Pmic). Para que ocorra essa degradação, a microbiota necessita de energia disponível no rúmen. Caso ocorra deficiência energética para os micro-organismos, a síntese de Pmic será prejudicada, promovendo como consequência, uma sobra da PDR. Da mesma forma, se houver excesso de PDR na dieta, haverá amônia em excesso, que será absorvida pelas papilas ruminais e cairá na corrente sanguínea. A amônia é tóxica para o animal e será convertida a ureia no fígado, que pode ser excretada na urina ou reciclada pelo sangue para o rúmen. 

Junto com a Pmic, a PNDR deixará o rúmen e seguirá pelo trato gastrointestinal, onde os aminoácidos provenientes de sua digestão serão absorvidos no intestino. O perfil desses aminoácidos é extremamente importante para sua utilização na síntese de proteína do leite. O perfil inadequado ou excesso de PNDR resultam no aumento da excreção de nitrogênio, também na forma de ureia. Por ser uma molécula neutra e pequena, a ureia equilibra-se rapidamente com os fluidos corporais, difundindo-se pelas células da glândula mamária. Desta forma, os valores de nitrogênio ureico no plasma e no leite são altamente correlacionados, o que possibilita a utilização do NUL como forma de avaliar o status proteico no organismo do animal.

O intervalo de valores considerado ideal para o NUL na literatura vai de 8,5 a 16 mg/dL. Valores abaixo indicam deficiência de proteína bruta e PDR na dieta ou excesso de carboidratos rapidamente fermentáveis no rúmen, o que pode comprometer a produção. Acima, indicam excesso de PDR, desequilíbrio na relação energia:proteína no rúmen, excesso de PNDR ou ainda deficiência energética na dieta. Valores acima de 19 mg/dL têm sido associados a reduções na taxa de fertilidade de vacas leiteiras, além do gasto energético para excretar ureia do organismo, energia que poderia estar sendo utilizada para produção de leite. 

Analisar o NUL mensalmente seria ideal, com coletas individuais, calculando posteriormente uma média por lote. A média por lote oferece uma análise melhor que a do tanque, uma vez que a dieta não costuma ser a mesma para todo o rebanho. A interpretação dos valores obtidos de acordo com as referências disponíveis na literatura possibilita a adequação da dieta. Entretanto, os valores de literatura foram obtidos em estudos realizados na Suíça e Estados Unidos, em condições de rebanho, clima, dieta e manejo muito diferentes do Brasil. Além disso, os métodos de análise diferem em seus resultados. Por exemplo, vacas holandesas confinadas recebendo uma dieta com 16,7% de PB, apresentaram valores de NUL de 11, 9 e 12, quando as análises foram analisadas respectivamente por colorimetria, urease e infravermelho. Esse fator, somado à carência de dados obtidos em realidades nacionais, dificulta as recomendações. 

Fatores extrínsecos à dieta também podem interferir nos valores de NUL e, portanto, devem ser considerados nas recomendações. A produção de leite, estágio de lactação, raça e as concentrações de proteína e gordura no leite foram relatados por alguns autores como quesitos que podem alterar a concentração de NUL. Isso faz sentido, uma vez que o NUL é um indicador de eficiência de uso de nitrogênio, que é alterada de acordo com o estado fisiológico e metabólico do animal. 

Uma ampla avaliação dos efeitos de fatores não-nutricionais nos teores de NUL foi realizada por Meyer et al. (2006), que utilizaram 7.000 observações provenientes de 855 vacas holandesas produzindo em média 35,8 kg/d. Os resultados mostraram que produção de leite e teor de proteína do leite explicam 65 e 60% da variação observada em NUL, respectivamente. Enquanto a produção de leite apresentou associação positiva com NUL, a do teor de proteína do leite foi negativa, o que quer dizer que quando o teor de proteína do leite subiu o NUL caiu e vice-versa. O número de dias em lactação e número da lactação também se correlacionaram com a concentração de NUL. Por outro lado, peso corporal e relação gordura/proteína não se correlacionaram com os valores de NUL.

Os resultados deste trabalham indicam fortemente que as recomendações de valores de NUL devem considerar os fatores não-nutricionais. Por exemplo, pode ser que exista uma faixa ideal para vacas no terço inicial da lactação e outra no terço-final. Ou que a combinação de valores de NUL e % de proteína do leite seja o indicador mais adequado para monitorar a adequação proteica da dieta. Apesar de bastante estudado e utilizado em realidades norte-americanas e europeias, faltam estudos mais detalhados sobre esses números com animais, alimentos e ambiente nacionais. Para iniciar uma discussão sobre o assunto e orientar uma pesquisa que será realizada no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (DZO/UFLA), gostaríamos de convidar VOCÊ a responder um rápido questionário sobre sua experiência com NUL.

O investimento de tempo para responder o questionário é de menos de 10 minutos e o retorno sobre esse investimento será muito valioso. Após reunirmos um número adequado de respostas, postaremos um artigo neste radar com os resultados do questionário. Além disso, os resultados nos indicarão qual o caminho a ser seguido em uma pesquisa sobre melhor utilização do NUL como indicador do balanceamento adequado de nutrientes na dieta, conduzida aqui no DZO/UFLA.
 
Para participar dessa pesquisa, você nem precisa sair desta página! Você pode navegar pelo questionário na janela abaixo. Agradecemos imensamente sua participação!

 

Caso você prefira abrir em uma janela separada, clique no link abaixo.
https://goo.gl/forms/eCBRdOMe1bZzd9tY2