terça-feira, 13 de junho de 2017

Supersafra faz brasileiros lançarem mão da tecnologia para guardar a produção e procura congestiona empresas vendedoras

Por Thuany Coelho
Em 12/06/2017 no site Portal DBO
A grande produtividade da última safra de grãos e a queda nos preços praticados - o que faz com que muitos produtores decidam esperar um melhor momento para comercializar seu produto -, aliadas a um déficit de armazenagem no país, têm contribuído para que a demanda por silos-bolsa venha crescendo no Brasil. Em algumas empresas consultadas, os pedidos chegaram a dobrar de volume nessa safra.
E atendê-los pode não ser tão simples no caso das importadoras. “Nós importamos da Argentina, então isso limita, pois há um processo burocrático a ser cumprido. Então temos que determinar bem o que vamos vender no ano”, diz Hector Malinarich, diretor técnico e comercial da IpesaSilo. O mesmo problema se repete na Bovitech, que importa da China e da Argentina. “No momento, não temos a capacidade financeira de adiantar R$ 5 ou R$ 6 milhões, por exemplo, para garantir estoque antecipado”, afirma Guilherme Heller, proprietário da empresa. A Ipesa espera um aumento ainda maior nos próximos dois meses. “Estamos nos preparando para uma procura violenta nesse período”.

Ainda não tão difundidos, os silos-bolsa se apresentam como alternativa prática para áreas carentes de armazenagem. “De acordo com nossas observações em campo e em trabalhos com produtores, o uso ainda é tímido, mas tem muito potencial para crescimento”, conta Marco Aurélio Guerra Pimentel, pesquisador de armazenamento e pragas de grãos armazenados da Embrapa Milho e Sorgo. Pimentel aponta como vantagens desse tipo de silo a capacidade variável, o fato de que os grãos podem ser mantidos na área de cultivo, reduzindo custos com transporte, além de o produtor ter a opção de segregar o produto colhido, separando grãos de qualidades diferentes que poderão atender mercados distintos.

Leia também

Um ponto negativo é a necessidade de duas máquinas para o embolsamento: extratora e embutidora. “Apesar deste investimento inicial, ainda apresenta boa relação custo-benefício e, desde que bem manejado, pode ser uma boa opção, principalmente para regiões com déficit acentuado de espaço para armazenagem”, diz o pesquisador da Embrapa.

Custos - O preço de cada silo varia entre R$ 0,60 e R$ 0,85 por saca nas empresas consultadas. Mas esse valor pode mudar bastante de acordo com a região, por causa de frete e impostos, e também com o tamanho da bolsa escolhida. A menor, de 60 metros, tem capacidade para cerca de três mil sacas, ou 180 toneladas.

Para o processo de armazenagem, são necessárias duas máquinas: a extratora e a embutidora. O valor de compra de ambas fica entre R$ 120 mil e R$ 130 mil, mas também é possível alugá-las. 

Não há como reutilizar a bolsa, pois na hora da retirada será cortada, mas ela pode ser usada para coberturas em geral ou então ser descartada para reciclagem.

A atmosfera na bolsa - Para evitar fermentação e perda de qualidade, o produto deve ser embolsado até uma certa umidade. “Para uma armazenagem segura, recomenda-se que o teor de umidade esteja por volta de 13 a 14%, no máximo”, diz o pesquisador da Embrapa. Mas as recomendações de umidade podem variar de acordo com o produto e a fornecedora. “Além do teor de umidade, deve-se realizar a colheita com uma máquina que permite boa regulagem, para evitar danos aos grãos, como quebras, e que realize uma boa limpeza dos grãos, eliminando a maioria das impurezas e matérias estranhas, como partes das plantas, que podem adicionar umidade ao ambiente de armazenagem”, completa Pimentel.
Ele ainda ressalta que, caso o produtor vá armazenar um lote de grãos que já apresenta sinais de infestação, o tratamento curativo dos grãos deve ser realizado. E o mesmo vale para um lote de grãos que apresenta alto teor de umidade (acima de 16%). Nesse caso, os grãos devem ser secos antes do embolsamento, já que a umidade se mantém no silo-bolsa.

Após o embolsamento, os grãos passam a consumir o oxigênio interno da bolsa, tornando o ambiente rico em dióxido de carbono (CO2). “Essa atmosfera criada dentro dos silos-bolsa torna o ambiente impróprio para o desenvolvimento de insetos e fungos, reduzindo seu potencial biológico e, consequentemente, as perdas nos grãos durante a armazenagem”, diz Pimentel. É também por isso que se deve verificar constantemente se há furos na bolsa. A entrada de ar ou até mesmo água pode prejudicar a qualidade dos grãos.

A lona tem, em média, durabilidade de 18 meses, mas o tempo em que o produto pode ficar armazenado nela varia. “Isso muda caso a caso, dependendo também do destino. Mas, simplificando as recomendações, quanto maior a umidade dos grãos embolsados, menos tempo eles devem ficar no silo-bolsa”, explica Malinarich.

Cuidados e reparos - Para evitar problemas com o silo-bolsa, é preciso ter alguns cuidados e seguir as instruções específicas da fornecedora do produto em relação à capacidade e instalação. Em geral, o terreno deve ser o mais plano possível, sem valetas, morros e pedras ao longo da bolsa. “Evite também áreas com mato, pois não poderão ser aplicados herbicidas”, diz Nelson Iida, diretor de vendas da Electro Plastic.

Cristiano Menger, do departamento agrícola da Pacifil Brasil, também ressalta que é importante prestar atenção no momento de enchimento das bolsas para que não caia produto no chão, o que pode atrair roedores. “Recomenda-se também colocar uma cerca elétrica onde não tenha pátio fechado, isso evita a entrada de cachorros e até mesmo de porcos-do-mato”, afirma.

Em áreas ou épocas em que chove mais, ele diz que é importante colocar as bolsas onde não ocorra acúmulo de água, pois, apesar do produto ser resistente à água, caso haja algum furo, o ambiente interno será contaminado. Ele indica até mesmo fazer uma vala ao redor do silo para evitar a entrada de água.

São necessárias vistorias constantes - se possível, diárias - aos silos-bolsa para garantir que não houve nenhum dano ao produto. Também é indicado ao produtor que retire amostras do grão ensacado periodicamente para verificar sua qualidade. Rasgos e furos pequenos - como o da coleta de material - percebidos rapidamente podem ser reparados sem grandes prejuízos ao produto armazenado, afirma Heller. O produto já vem com uma fita para vedação de furos. “Mas se for grande, o produtor vai ter que retirar o que estiver dentro e perderá a lona”. 

Fonte: Portal DBO

Nenhum comentário:

Postar um comentário