terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Portal DBO - Bastões marcadores aumentam a prenhez na IATF

30 de janeiro de 2017 - 17:57

Foi verificada uma diferença de 20% a mais de prenhez em vacas com alta expressão de cio em relação àquelas que não apresentaram cio

A Embrapa Pantanal acaba de concluir uma pesquisa sobre o uso de bastões marcadores para auxiliar na detecção do cio e melhorar a prenhez de IATF (Inseminação Artificial por Tempo Fixo) em vacas de rebanho de corte no Pantanal e Cerrado. O bastão marcador é uma técnica que constitui da aplicação de tinta colorida na região sacro-caudal das vacas logo depois da retirada de implantes utilizados na inseminação.
A intensidade da monta avaliada pela retirada da tinta vai indicar se a vaca tem alta expressão de cio, média expressão de cio ou se está sem cio. Apesar de a IATF não necessitar de detecção de cio, o estudo em questão foi realizado e validado após outros trabalhos demonstrarem que vacas que expressam cio antes do momento da IATF têm maiores taxas de prenhez, o que é de grande interesse para o produtor.
De acordo com o pesquisador Eriklis Nogueira, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), a marcação com a tinta será modificada após tentativas de monta por rufiões ou das próprias vacas nos lotes de IATF, que apresentam comportamento homossexual e montam umas às outras. Esse contato elimina ou atenua a intensidade da tinta. Assim, se a marcação permanecer forte, significa que a vaca está sem cio; se desaparecer, indica que o animal tem alta expressão de cio; se houver pouca remoção da tinta, a vaca apresenta média expressão de cio.
A pesquisa envolveu 3.830 vacas Nelore, todas entre 30 e 50 dias pós-parto, das fazendas São Bento, Bom Jardim, Morrinho, Ventania e Bocaiúva, localizadas no Mato Grosso do Sul, em áreas do Pantanal e do Cerrado. Foi verificada uma diferença de 20% a mais de prenhez em vacas com alta expressão de cio em relação àquelas que não apresentaram cio.
O estudo foi além da viabilidade do uso dos bastões marcadores em gado de corte – Eriklis diz que a técnica é bastante utilizada em vacas leiteiras. Após detectar o nível de cio, a pesquisa avançou na sugestão de tratamento para aumentar a taxa de prenhez entre os animais de menor expressão de cio, com a aplicação de indutores de ovulação.
Desafio
A partir desses resultados, os pesquisadores precisavam encontrar uma solução para aumentar a taxa de prenhez entre os dois últimos grupos. Eriklis explica que eles resolveram testar a hipótese de aplicar o hormônio liberador de gonadotrofina (indutor de ovulação) apenas nessas vacas. Essa fase do experimento foi desenvolvida em 1.750 vacas das fazendas Bom Jardim, Panorama, Ventania e Riviera, localizadas também em áreas de Cerrado e Pantanal.

Esses animais passaram pelas fases de protocolos semelhantes ao experimento anterior. A maioria deles, 966 (ou 55,2%), se enquadrou no escore de alta expressão de cio e não precisou de tratamento adicional na IATF. Já nos animais que não apresentaram ou apresentaram pouco cio, a aplicação adicional de hormônio melhorou significativamente as taxas de prenhez de IATF.
Uma das vantagens do uso de bastões marcadores é justamente o custo-benefício: aumenta-se a taxa de prenhez com menor carga de trabalho e economia. “A observação de cio no campo é um procedimento muito trabalhoso. O bastão marcador é um auxiliar muito interessante”, explicou o pesquisador. Outra técnica que está sendo testada agora em janeiro é o uso de drones para filmar as montas e observar as manifestações de cio.
A pesquisa foi realizada por Eriklis Nogueira, Juliana Correa Borges Silva (Embrapa Pantanal), Walvonvitis Baes Rodrigues (bolsista da Embrapa Pantanal), Márcio Ribeiro Silva (Melhore Animal Consultoria), Ailson Silva (Genesis Reprodução Animal), Jean Jara (Uniderp), além de Alexandre Oliveira Bezerra, Karine Casanova da Silva e Nathalia Albanese Anache (alunos de mestrado da UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Em breve a Embrapa Pantanal divulgará a publicação técnica do grupo com todos os resultados do experimento e orientações para o uso da técnica.
Fonte: Embrapa

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