Em 04/09/2017 no site MilkPoint.
Probióticos, segundo a Organização Mundial da Saúde, são “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro” (FAO/WHO, 2001). Esses microrganismos são isolados do sistema digestivo dos animais, e após crescimento em laboratório, são desidratados em um processo denominado liofilização e entram em latência, um estado em que eles permanecem vivos, mas metabolicamente inativos. Ao serem administrados aos animais misturados à ração ou aos minerais, esses microrganismos retornam ao seu ambiente natural e tornam-se ativos novamente, promovendo diversos benefícios à saúde e produtividade animal.
O uso de probióticos na bovinocultura foi primeiramente descrito em 1924, quando criadores norte americanos passaram a suplementar a dieta de bovinos leiteiroscom a levedura Saccharomyces cerevisiae como fonte de vitaminas do complexo B. Ao longo dos anos, o S. cerevisiae mostrou-se um importante aliado na criação de bovinos por atuar na manutenção do pH na cavidade ruminal, reduzindo a incidência de acidose no rebanho, além de promover a proliferação de bactérias que auxiliam o processo digestivo.
Hoje o uso de S. cerevisiae é amplamente difundido, principalmente na bovinocultura leiteira, e seus benefícios partem de: aumentar em até 1 kg/dia a produção de leite por vaca; aumentar em até 7% a quantidade de gorduras do leite; reduzir a concentração ácidos láticos no rúmen em até 0,9 mM; aumentar a digestibilidade da dieta em pelo menos 0,8%; incrementar o consumo de matéria seca em 0,44g/kg do peso corporal do animal; além de induzir melhoras no sistema imunológico, redução da incidência de doenças entéricas e respiratórias e reduzir a emissão de gases estufa (Desnoyer et al., 2009).
Mas o uso das leveduras de S. cerevisiae, apesar de conferir benefícios, está se tornando obsoleto. Variações nos resultados obtidos com esse probiótico tem elevado a desconfiança do produtor rural, que muitas vezes deixam de utilizar o aditivo na suplementação da dieta dos animais. Vimos em nosso artigo anterior (Estudo da microbiota ruminal, quando apenas abrir os olhos não é o suficiente) que as microbiotas animais sofrem variações conforme a idade, raça, região da criação, dieta empregada e diversos outros fatores. Desse modo, é incoerente esperar que a levedura consiga induzir os mesmos resultados nos diferentes rebanhos, visto sua relação direta com a microbiota animal.
Com o estudo da microbiota é possível desenvolver probióticos específicos para cada rebanho, assegurar e maximizar os resultados conferidos pelo uso desse aditivo alimentar. Resultados prévios indicam que um probiótico específico pode aumentar em 10% a produtividade leiteira de um rebanho, reduzir a mortalidade de bezerros e melhorar parâmetros de saúde animal, como quantidade de proteínas totais e frações, albumina, ureia, creatinina, colesterol, triglicérides, glicose e lactato do sangue (resultados não divulgados).
O uso de probióticos está de acordo com tendências naturalistas do mercado. A perspectiva é de um aumento considerável na sua utilização entre bovinocultores nos próximos 10 anos, visto instruções normativas internacionais que pregam a redução do consumo de antibióticos na criação animal. Cabe ao produtor rural brasileiro estar atento às novas tecnologias e tendências do mercado e partir na frente na utilização das inovações nos seus sistemas de criação.
Leveduras de S. cerevisiae e colônias bacterianas ruminais em microscopia eletrônica varredura (Dobicki et al., 2006)
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