Em 16/08/2017 no blog PecNética
A pecuária brasileira deu grandes saltos de produtividade nos últimos 20 anos, muito em virtude do maior investimento do pecuarista em nutrição, sanidade, manejo e genética. São dezenas os programas de melhoramento genético existentes, sejam eles coordenados por associações promocionais de raças, empresas, instituições de pesquisas ou centrais de inseminação artificial.
Um número interessante para mostrar como a pecuária evoluiu é o peso médio de carcaça dos bovinos abatidos. Em 2000, era de 16,8@; em 2013 subiu para 18@ e, hoje, já se discute – e em muitas fazendas isso é realidade – o abate de novilhos de 20@. E diga-se de passagem que o produtor que abdicar deste nível zootécnico não seguirá mais por muito tempo em uma atividade a cada ano mais competitiva.
Entretanto, produzir um boi com esse peso de carcaça aos 24 meses de idade é impossível de conseguir sem uma boa matriz. Por isso, a vaca é o maior patrimônio do pecuarista. Mas, com a latente ebulição do cruzamento industrial, muito produtor esqueceu da reposição, preocupando-se apenas com a aquisição de genética provada para produção de carne.
É um problema seríssimo porque, se descuidar da reposição, especialmente no cruzamento industrial, em cinco anos não há mais vaca para parir, muito menos progenitoras capazes de imprimir características econômicas relevantes.
E no momento de buscar insumo multiplicador no mercado seja prudente. Priorize seleções com boa consistência genética e que sejam potencialmente produtivas no ambiente de produção desejado.
Quando falamos de vacas Nelore para reposição ou até mesmo de outras raças, alguns atributos são obrigatórios. Atenção máxima deve ser dada a vacas que possuam (e imprimam) deposição de gordura satisfatória. Fêmea com costelas à mostra não emprenha, assim como bezerro sem acabamento é penalizado no frigorífico depois de adulto.
A vaca também precisa ser fértil, capaz de reduzir a idade entre os partos na propriedade – se possível deixando uma cria ao ano – e ser boa mãe, prevenindo problemas de parto e rendendo ótimas desmamas. O produtor que desaleita um bezerro com menos de 210kg estará fora do mercado muito em breve. A boa notícia é que já vemos pecuaristas desmamando com 230kg a pasto, sem uso de creep-feeding.
Se a vaca é boa, o touro melhorado e mesmo assim não se atinge a meta, o problema é a alimentação. Boa genética depende de nutrição à altura para corresponder. Quando uma bezerra ingressa em bom pasto logo evolui para primípara.Quando é uma vaca é certo que emprenhará logo no início da estação de monta.
Esse ponto é importante porque a vaca em pasto bom estará melhor alimentada no período em que o feto mais precisa de energia para desenvolver a musculosidade e a adiposidade dos tecidos. O resultado será um boi de corte com maior acabamento e rendimento de carcaça. Restrição alimentar neste momento impacta gravemente a produtividade futura da fazenda. Então, não se iluda, o melhor pasto tem de ser destinado às vacas prenhes.
Fica o recado: é hora de cuidar melhor das “formas” da pecuária brasileira!
Nenhum comentário:
Postar um comentário